Não há nada que os gestores de manutenção desejem mais do que ter ativos a funcionar 100% do tempo e sem avarias a registar. O problema é que esse objetivo é impossível de alcançar: não conseguimos prevenir ou prever todas as avarias, por melhor que seja o nosso plano de manutenção preventiva.
Então, qual é o nosso melhor plano de ataque? Qual é a melhor forma de evitar a frustração de ter um ativo crítico avariado? Um plano de manutenção preventiva tão equilibrado quanto possível, que protege os principais ativos da empresa, diminui os custos com manutenção e assegura que tudo corre sobre rodas.
Se lhe parece complexo, descomplique: vamos explicar-lhe como criar um plano de manutenção em 5 passos.
→ Antes de passarmos à prática e entrarmos em detalhes, recomendamos a leitura do nosso guia definitivo de manutenção preventiva.
1. Definir objetivos e prioridades
O primeiro passo para criar um plano de manutenção é definir o objetivo final. O que pretende? Poupar dinheiro com manutenção? Evitar avarias que comprometeram o funcionamento normal da empresa no passado? Proteger equipamentos dispendiosos que não consegue substituir com facilidade?
Ter objetivos claros é essencial, porque sem isso não vai conseguir estabelecer prioridades, e sem prioridades não consegue alocar recursos. Numa fábrica, por exemplo, o objetivo principal é manter toda a linha de produção em funcionamento – mais do que poupar dinheiro com a manutenção dos elevadores ou do ar condicionado.
Não há uma receita universal. Os seus objetivos até podem mudar consoante o momento financeiro da empresa ou devido a fatores externos. Tivemos agora um bom exemplo: durante a pandemia de COVID-19, muitos hotéis reduziram a manutenção preventiva a serviços mínimos.
Pense também no que tem falhado para atingir esses objetivos. Falta de técnicos? Falta comunicação entre departamentos? Deixou passar os prazos a cumprir? Não tinha peças suplentes para resolver a avaria? O software de manutenção atual é insuficiente? Ou a avaria não se podia prevenir de todo?
💡 O maior retorno da manutenção preventiva será nos ativos com um comportamento previsível, isto é, que precisam de revisões ao fim de x tempo ou y ciclos de utilização (por exemplo, ar condicionados, elevadores, termoacumuladores, frotas de automóveis, exaustores, câmaras de frio). |
2. Fazer um inventário de ativos e a listagem de tarefas
A segunda etapa do plano de manutenção preventiva é fazer o mapeamento dos ativos, divididos por famílias de equipamentos. É mais fácil mapear visualmente se utilizar uma IMMP (Plataforma Inteligente de Gestão de Manutenção) com essa funcionalidade.
Quando estiver a fazer o inventário dos ativos, não se esqueça de compilar também:
- prazos de garantia
- as recomendações do fabricante ou manual do utilizador relativamente à manutenção do equipamento (por exemplo, frequência da manutenção, vida útil esperada, condições ideais de temperatura e humidade, contactos do fabricante)
- dados de verificações anteriores para verificar o funcionamento do equipamento
- dados de reparações anteriores, especialmente se houve substituição de peças
- criticidade do ativo
- requisitos legais.
Vejamos o seguinte exemplo (Exemplo 1):Nome do Edifício: Edifício 8 Ano do PMP: 2020 Família de Equipamentos: Caldeiras de água quente Ativo: Caldeira de água quente #1 Marca/fabricante: Fabricantes de Caldeiras, Lda. Prazo de garantia: março de 2021 Recomendação do fabricante: manutenção geral um mês antes da estação fria, de forma a estarem em pleno funcionamento no inverno. Na altura de maior utilização, recomenda-se uma inspeção geral a cada 3 meses. Última inspeção: maio de 2020 Criticidade: Classe C Requisitos legais: n/a |
O conjunto destas informações vai determinar a frequência com que precisa de fazer manutenção preventiva: diariamente, algumas vezes por semana, semanalmente, bimestral, mensal, trimestral, semestral ou anualmente.
Exemplo 2Nome do Edifício: Edifício 8 Ano do PMP: 2020 Família de Equipamentos: AVAC Rooftop Ativo: ar condicionado rooftop bar |
Exemplo 3Nome do Edifício: Edifício 8 Ano do PMP: 2020 Família de Equipamentos: Detetores de Incêndios Ativo: detetores de incêndios da cozinha |
⚠️ Mais uma vez, esta etapa é mais fácil se estiver a usar uma Plataforma Inteligente de Gestão de Manutenção (IMMP). Nesse caso, pode programar as tarefas automaticamente, de acordo com a frequência pretendida. Além disso, pode associar cada tarefa aos técnicos responsáveis, o que o ajuda a definir com mais detalhe todo o cronograma de manutenção e avançar mais rápido no passo 3.
3. Gerir prioridades e recursos
Nos passos anteriores, definimos os nossos objetivos a longo prazo e a periodicidade ideal de cada medida de manutenção preventiva. Agora, chegou a altura de fazer um “reality check” ao nosso plano de manutenção. Precisamos de traduzir os nossos objetivos para o curto prazo, consoante o tempo e os recursos de que dispomos.
- Pelo passo um, já sabemos quais são os ativos que devemos priorizar.
- Pelo passo dois, já sabemos quais são os ativos com mais criticidade.
Então, vamos encaixando a lista no plano de manutenção:
- as ações de manutenção preventiva nos ativos mais críticos (Classe A), cuja avaria mais afeta os nossos objetivos;
- as ações de manutenção preventiva em ativos importantes para a empresa, mas cuja eventual avaria prejudica menos o funcionamento normal da empresa (criticidade de classe B);
- ações de manutenção failure-finding (testes e verificações) em ativos críticos;
- todas as outras ações de manutenção preventiva e de manutenção baseada na condição em ativos de menor criticidade.
- manutenção corretiva programada (ativos menos críticos, de classe C, que não justificam o investimento em manutenção preventiva).
Por esta altura o plano de manutenção já está quase completo, mas ainda precisa de gerir recursos humanos e atribuir as tarefas às equipas certas. Para isso, vamos separar tarefas por ordem de dificuldade e dividir as ações de manutenção em 5 níveis:
Em manutenção preventiva, quase todas as tarefas estão entre o nível 1 e o nível 3. Geralmente, as tarefas de nível 1 podem ser executadas pelos próprios utilizadores do equipamento ou por mão-de-obra interna. As tarefas de nível 2 e 3 caem dentro daquilo a que chamamos “contratos de manutenção” – outsourcing. O ideal é não precisar de executar tarefas de nível 4 ou nível 5, a menos que estejamos a falar de um plano de manutenção industrial com equipamentos pesados.
Quando está a fazer o seu plano de manutenção, sugerimos fazer uma lista e rever todos estes contratos, já que representam custos fixos e uma boa parte das tarefas de nível 2 e 3.
- Há algum serviço de nível 1 que esteja a cargo de um fornecedor externo e que possa fazer internamente com melhor relação custo-benefício?
- Há alguma tarefa de nível 2 tão recorrente que justifica contratar técnicos qualificados, em vez de recorrer a contratos de manutenção?
- Há alguma tarefa que precise de atribuir a um fornecedor externo, de forma a que os seus técnicos se possam dedicar a outros objetivos?
- Os contratos de manutenção dão toda a cobertura que precisa?
- As empresas externas estão a cumprir todas as tarefas do seu plano?
- Precisa de procurar novos fornecedores para algum serviço?
- A comunicação com os fornecedores externos é fluída?
💡 Entre as tarefas que atribui à sua equipa, lembre-se de deixar 10% de tempo disponível para manutenção não planeada – isto vai permitir que cumpra o seu plano mesmo quando há imprevistos. |
4. Criar KPIs para o plano de manutenção
Se definiu objetivos, agora precisa de saber se os atingiu. Deve definir indicadores de performance (KPIs) à priori, de forma a acompanhar o progresso e a eficácia do plano de manutenção. Alguns dos indicadores mais comuns são os seguintes:
- percentagem de manutenção preventiva;
- taxa de cumprimento da manutenção preventiva;
- eficácia geral do equipamento;
- a percentagem crítica de manutenção agendada;
- tempo médio entre avarias;
- custo total com manutenção (incluindo mão-de-obra, materiais, contratos de manutenção)
- e, claro, o ROI.
Caso a sua equipa seja sempre zelosa a inserir os dados no software de manutenção, consegue calcular estes KPIs automaticamente ao longo de todo o processo. Saiba mais sobre este passo no nosso artigo sobre medir a eficácia do seu plano de manutenção.
5. Rever e melhorar
Nada é perfeito! Ao rever o plano de manutenção, os KPIs e os relatórios, pondere se:
- realmente precisa de todas as ações de manutenção preventiva que fez, ou algumas não dão retorno?
- algum ativo teve um desempenho aquém do esperado?
- todas as avarias eram inevitáveis ou podia ter prevenido algumas delas com manutenção preventiva?
- o nível de risco de cada ativo se mantém igual, ou se há algum equipamento que se está a desgastar rapidamente e precisa de manutenção adicional.
E… recomeçar!
Pronto para fazer um plano e não tem um software de manutenção? Descarregue o nosso template de plano de manutenção em Excel!
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