Total Productive Maintenance, o que é?

A Total Productive Maintenance (literalmente “manutenção produtiva total”, mais conhecida pela sigla TPM) é uma estratégia de manutenção industrial. Assenta na ideia de que todos os trabalhadores da fábrica devem participar na manutenção durante o dia-a-dia, em vez de toda a responsabilidade recair sobre os técnicos de manutenção.

O objetivo deste tipo de manutenção é nunca parar a produção, produzir sem defeitos, eliminar o downtime não planeado e sem acidentes de trabalho. Soa a missão impossível? Não é, se transformar cada membro da sua equipa num verdadeiro 007. 

Quem é responsável pela Manutenção Produtiva Total?

Vamos começar por um exercício de imaginação muito simples. Calcule que vive num prédio de vários andares, com elevadores, luzes e extintores em cada patamar, portões automáticos na garagem e um conjunto de outros equipamentos. Quase de certeza que faz tudo o que está ao seu alcance para que nenhum deles avarie, porque sabe que também são responsabilidade sua – um complemento da casa que comprou ou alugou. 

Mas se um dia começa a reparar que o portão da garagem não está a fazer bem o contacto com o seu comando, o que faz? Possivelmente, não fica à espera que o gestor de condomínio – que pode nem morar no prédio – vá fazer uma verificação. Como é uma coisa que lhe faz falta todos os dias, telefona a reportar a avaria. E o que acontece se o gestor não atender? Ou se não estiver disponível para resolver? Talvez até tome as rédeas da situação e telefone à empresa que fez a instalação. 

Agora, regressamos ao seu local de trabalho. Será eficiente colocarmos toda a manutenção nos ombros do nosso “gestor de condomínio” – os seus técnicos de manutenção? Será que não faz sentido dar mais responsabilidade a quem usa o portão todos os dias – os seus funcionários? Já percebeu onde queremos chegar. Afinal de contas, os ativos são como os bens comuns do condomínio: todos precisam que eles funcionem tão bem quanto possível. 

Então, segundo uma estratégia de Total Productive Maintenance (TPM), todos devem participar na manutenção industrial – embora de maneira diferente, consoante os seus papéis na fábrica. 

Gestores e engenheiros industriais

São os primeiros que devem promover uma cultura TPM na empresa. Os engenheiros têm uma responsabilidade acrescida porque também devem interpretar e monitorizar os dados recolhidos no software de gestão de manutenção

Gestores de manutenção e técnicos de manutenção

Os gestores de manutenção e os técnicos devem ensinar cada operário a fazer os seus próprios despistes e atividades de manutenção preventiva, de forma a cumprir os seus objetivos. 

Operários

Os operários fabris são as pessoas que realmente usam os equipamentos no dia-a-dia e devem senti-los como seus. Podem ficar responsáveis pela limpeza, pela lubrificação das máquinas e outras tarefas rotineiras. Mais: são os primeiros a detetar uma possível avaria, que devem reportar imediatamente através do software de manutenção. 

Vantagens de adotar a TPM na manutenção industrial

Sabemos o que está a perguntar: não estaremos a complicar toda a manutenção com isto da manutenção produtiva total? Não estaremos a exigir demais a cada funcionário? Claro que aplicar a TPM traz alguns desafios – nomeadamente treinar todos os seus funcionários para serem “agentes de manutenção preventiva” – mas as vantagens são inegáveis. 

Quando toda a equipa se foca em manter os ativos tão disponíveis e fiáveis quanto possível, a empresa tem um desempenho muito melhor.

Menos paragens

Quando os funcionários estão preparados para detetar alterações no equipamento, é mais provável que consigam detetar avarias numa fase precoce. A reparação do ativo entra no plano de manutenção preventiva imediatamente e a sua equipa nunca tem de lidar com uma emergência ou uma paragem imprevista.

Diminui a manutenção não planeada

Se dá por si a fazer cada vez mais manutenção não planeada, significa que a sua equipa não está a detetar avarias a tempo. Ao repartir essa responsabilidade por toda a equipa – sobretudo pelas pessoas que fazem uso regular dos equipamentos – está a dar um grande passo para resolver esse desafio e diminuir a manutenção não planeada.

Melhor desempenho global

O objetivo final da TPM é ter um desempenho melhor. Como nenhuma avaria passa despercebida, reduz a percentagem de manutenção reativa (ponto 1)  e evita acumular um backlog de pedidos (ponto 2). Por outro lado, os técnicos de manutenção têm mais tempo para se dedicar às tarefas realmente complexas e prioritárias.

Mais segurança no trabalho

Em alguns equipamentos, a manutenção preventiva funciona como um seguro coletivo: uma avaria pode pôr em risco todos os que trabalham no edifício. Além disso, lembre-se que a pressa é inimiga da perfeição. Quanto mais urgente for uma reparação, maior é a probabilidade de os seus técnicos correrem riscos desnecessários durante a reparação. 

Reduz os custos de produção

A TPM faz com que o OEE aumente e diminui o downtime. Ou seja, por um lado, a capacidade de produção melhora e pode obter mais lucros. Por outro, poupa em manutenção corretiva, que é quase sempre mais dispendiosa do que a manutenção preventiva. De resto, quanto melhor for a sua TPM, mais próximo de 100% será o seu OEE.

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Quais são os 8 pilares da TPM?

Para uma estratégia tão ambiciosa ser bem sucedida, tem de estar bem alicerçada. Isto traz-nos aos 8 pilares da TPM, que são os 8 princípios basilares da Manutenção Produtiva Total:

  • Foco nas melhorias
  • Autonomia
  • Gestão de qualidade
  • Manutenção planeada
  • Gestão de equipamentos novos
  • Fromação contínua
  • Higiene e segurança no trabalho
  • TPM ao nível administrativo

Conheça estes 8 pilares em detalhe no nosso artigo sobre os 8 pilares da Manutenção Produtiva Total.

A Manutenção Produtiva Total e a Indústria 4.0

Vivemos num momento de viragem na manutenção industrial. Mesmo que muitas promessas da Indústria 4.0 ainda estejam por cumprir devido ao investimento que exigem, é importante perceber como é que novos tipos de manutenção complementam a Indústria 4.0 e vice-versa. 

Manutenção autónoma

Como dissemos acima, talvez tenha receio de estar a sobrecarregar os operários com tarefas de manutenção. Isto pode ser verdade com alguns equipamentos atuais, mas irá diminuir à medida que as máquinas se tornam mais autónomas.

Tal como acontece com os painéis do carro, que já o avisam quando tem de mudar o óleo e fazer outras revisões simples, cada vez mais equipamentos industriais serão conectados a um dashboard. Será a própria máquina a “avisar-nos” que precisa de manutenção, o que facilita o trabalho de toda a equipa.

Manutenção preditiva

Uma das grandes promessas da Indústria 4.0 é criar sistemas integrados, sobretudo à base de sensores ligados à cloud, que também podem ter aplicações em manutenção preditiva. A concretizar-se este cenário, todas as pessoas que lidam com estes sistemas passam a ser responsáveis pela manutenção da fábrica, tal como previsto na TPM.

Treino e apoio à distância

A TPM baseia-se na ideia de que todos os funcionários são responsáveis pela manutenção de um edifício, o que significa que todos precisam de saber como agir em caso de avaria. Com a Indústria 4.0 será cada vez mais fácil fazer este treino online ou ter apoio técnico remoto 24/7, até porque os gestores de manutenção podem aceder a toda a informação à distância. 

Segurança no trabalho

A segurança no trabalho é um dos temas mais sensíveis para todos os gestores de manutenção. Já explicámos acima que a TPM se correlaciona com maior segurança no trabalho. O uso de sensores para medir a qualidade do ar, a radiação e a temperatura, de forma a proporcionar mais conforto, irá complementar este ponto. 

A manutenção será muito mais abrangente

Se todos os funcionários estiverem a trabalhar em rede – desde a administração ao funcionário que opera a máquina – todos terão equipamentos pelos quais são responsáveis. É impossível gerir todos estes ativos sem a intervenção direta de quem os usa diariamente, pelo que a TPM se tornará uma necessidade na Indústria 4.0.

Quer saber mais sobre manutenção industrial inteligente? Leia o nosso artigo sobre o poder da IIOT (Industrial Internet of Things)

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