Isto pode surpreendê-lo, mas a manutenção preventiva nem sempre é a opção certa. Por muito que defendamos uma manutenção atempada, temos de admitir que a manutenção preventiva requer muito tempo e mão de obra. A manutenção preventiva em excesso vai deixá-lo sobrecarregado e com dificuldades em responder a pedidos de emergência, para além de ser uma despesa enorme. Então, se apostar tudo na manutenção preventiva não é o mais correto, qual é a estratégia certa para si?

Conheça os diferentes tipos de manutenção

Existem três tipos clássicos de manutenção — corretiva, preventiva e preditiva. De acordo com engenheiros de fiabilidade, um programa de manutenção eficaz deve ter um equilíbrio entre manutenção preditiva (55-44%), preventiva (35-25%) e corretiva (10%). Mas qual deve usar e para quê?

Antes de lá chegarmos, vamos analisar os diferentes tipos de manutenção:

Manutenção corretiva ou “usar até avariar”

Em vez de colocar bastantes recursos na prevenção de avarias, basta esperar que elas aconteçam e lidar com as consequências mais tarde. Normalmente, isto leva a reparações dispendiosas, para não falar das avarias prolongadas que interrompem e perturbam os serviços. Contudo, há um momento certo para tudo — incluindo, como veremos, para a manutenção corretiva.

Como reduzir a manutenção corretiva

Manutenção preventiva, que evita avarias

Pode ser baseada no tempo (realizada periodicamente, em intervalos de tempo específicos) ou baseada na utilização (a manutenção é feita apenas quando os ativos atingem determinados limites). Este tipo de manutenção está ligado à redução do downtime e é fácil de programar, mesmo a longo prazo, mas comporta riscos de manutenção excessiva. Vem também com custos iniciais, embora geralmente se traduzam num ROI elevado.

Saiba tudo sobre a manutenção preventiva aqui.

Monitorização com base em condição 

E se pudéssemos evitar o excesso de manutenção? As técnicas de monitorização da condição visam encontrar a altura ideal para a manutenção. O problema é que a monitorização da condição pode ser tão simples como usar uma vareta para verificar o nível do óleo, ou tão complexa como a análise de circuitos de motores. Por outras palavras, pode ser barata ou ter elevados custos iniciais. Decidir se compensa ou não o investimento varia muito de ativo para ativo.

Manutenção preditiva

Não deve ser confundida com monitorização da condição, embora a manutenção preditiva não seja possível sem ela. A manutenção preditiva analisa os dados recolhidos com métodos de monitorização da condição e utiliza algoritmos para prever quando uma avaria está a acontecer. É uma estratégia muito promissora, mas traz inevitavelmente custos elevados — tanto para desenvolver os algoritmos, como para instalar dispositivos avançados de monitorização da condição.

Manutenção centrada na fiabilidade (RCM)

Em vez de uma estratégia, a manutenção centrada na fiabilidade é uma abordagem. Continua a depender da manutenção corretiva, preventiva e preditiva. Esta abordagem centra-se no reconhecimento das falhas que mais comprometem o sistema e na adoção da melhor estratégia para cada ativo crítico. A ideia é construir uma infraestrutura fiável com a máxima disponibilidade, mantendo os custos de manutenção sob controlo. E tudo começa com 7 perguntas.

Manutenção produtiva total (TPM)

Outra abordagem, em que cada operador fica responsável pelo seu equipamento. O objetivo final da TPM, como é conhecida, é zero downtime, zero defeitos e zero acidentes. É sustentada por 8 pilares e está intimamente ligada à Indústria 4.0.

Como escolher a estratégia de manutenção correta?

Não queremos simplificar em demasia. Contudo, em termos gerais, pode decidir a estratégia de manutenção certa com base nestas 4 perguntas:

  • O custo total da avaria excede os custos de manutenção?
  • Cada tarefa resolve um modo de falha específico?
  • Aborda a falha no ponto ótimo?
  • É a opção menos dispendiosa e mais eficaz para esse modo de falha?

Antes de responder a cada uma destas perguntas, consulte:

  • matriz de criticidade
  • dados históricos, incluindo dados de manutenção preventiva vs. dados de reparação
  • análise de causa raiz (FMEA, FTA, 5 Porquês) para as falhas comuns

Se o custo da avaria não excede os custos de manutenção

O custo da avaria deve ter em conta as perdas na produção, potenciais multas e o custo da reparação. Se o total for inferior ao custo da manutenção, então é mais barato e fácil de resolver — considere a aplicação de manutenção corretiva.

Atenção: outros fatores incalculáveis, tais como segurança e conformidade, também devem ser tidos em conta. Contudo, se o ativo tiver uma classificação de criticidade alta, é improvável que o custo da avaria não exceda os custos de manutenção.

Se uma ação de manutenção não resolve um modo de falha específico

Provavelmente está a realizar manutenção excessiva. Reavalie a matriz de criticidade e decida se essa ação de manutenção pode ser executada pelo funcionário que opera esse equipamento.

Se não aborda a falha no ponto ótimo

É provável que esteja novamente a entrar em excesso de manutenção. Se for manutenção preventiva, reavalie o plano para ver se pode mudar de manutenção baseada no tempo para manutenção baseada na utilização.

Outra opção é, evidentemente, a monitorização do estado ou a manutenção preditiva. Mas não se esqueça da primeira pergunta: o custo da avaria excede os custos de manutenção? Calcule custos, compare diferentes técnicas e tome uma decisão.

Se não é a opção mais rentável

Se uma estratégia de manutenção for cara, mas eficaz, especialmente quando se trata de ativos de alta criticidade ou de ativos difíceis de reparar (baixa capacidade de manutenção), mantenha-a. Se a eficácia é limitada, considere mudar para a monitorização da condição (para ativos críticos) ou manutenção corretiva (se as reparações são rápidas e baratas).

Se tem muitos ativos críticos, responda às 7 perguntas da RCM. Isto fará com que se concentre nos ativos mais críticos — e depois volte aqui para decidir qual é a estratégia de manutenção correta para cada um deles.

Resumo final

  • se um ativo for difícil de monitorizar o custo da avaria é baixo, use até avariar;
  • se um ativo for difícil de monitorizar (ou o orçamento não permite manutenção preditiva), mas o custo da avaria é alto, recomendamos manutenção preventiva baseada no tempo;
  • se um ativo for fácil de monitorizar o custo da avaria for baixo, opte pela manutenção baseada na condição;
  • se a condição de um ativo for fácil de monitorizar e o custo da avaria é alto, a manutenção preditiva provavelmente compensa.

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