A principal função do gestor de manutenção é — surpresa! — assegurar uma gestão de infraestruturas o mais eficiente possível. No entanto, não há nenhuma fórmula universal para a gestão de infraestruturas (se houver, por favor não hesite em enviar-nos um email com as suas teorias)! Cada gestor é livre de apostar mais ou menos na prevenção, de se focar na funcionalidade de cada componente ou de optar por uma manutenção centrada na fiabilidade.

É deste último processo que vamos falar hoje. Mas o que é a manutenção centrada na fiabilidade, conhecida pela sigla RCM? Em termos simples, podemos dizer que se foca na fiabilidade de cada equipamento e não na funcionalidade de cada um deles. Aqui o importante é fazer planos de manutenção personalizados, assegurar que todos os equipamentos estão disponíveis a qualquer momento e aumentar a relação custo-eficiência.

Ou seja, em vez de planear as ações de manutenção com base na função de cada equipamento (filtrar a água da piscina, climatização, e por aí fora), o essencial é garantir que cada equipamento é fiável (quantas vezes é que o exaustor avaria? com que frequência há paragens de elevador?). Uma máquina é tão fiável quanto maior for a sua disponibilidade para cumprir a sua função.

 

Como ter uma manutenção centrada na fiabilidade?

Antes de começar a aplicar uma manutenção centrada na fiabilidade, há 7 questões que deve colocar a si próprio (e à sua equipa). As respostas a cada uma delas formam o seu guia para começar a aplicar esta estratégia de manutenção.

 

Questão 1 – Quais são as funções e os níveis de desempenho de cada equipamento?

Escolha um equipamento, analise quais são as suas funções e qual seria o desempenho ideal, ou seja, a disponibilidade ideal do equipamento. Vamos tomar o exemplo de um elevador, que deve estar disponível 100% do tempo.

 

Questão 2 – Como é que cada equipamento pode falhar na sua função?

Determine como é que o equipamento pode falhar. No caso do nosso elevador, por exemplo, é fácil — falha na sua função quando deixa de transportar pessoas entre andares.

 

Questão 3 – Quais são os modos de falha?

Defina os modos de falha do equipamento — isto é, os diferentes tipos de avaria, as suas consequências e o risco de segurança de cada um. No caso do nosso elevador, um modo de falha que consista na queda do elevador de vários andares implica consequências mais graves do que, por exemplo, uma avaria num dos botões.

 

Questão 4 – Quais são as causas de cada modo de falha?

Identifique a raiz do problema – para cada tipo de falha, quais podem ser as potenciais causas? Num elevador, as falhas podem ser de origem mecânica ou elétrica.

 

Questão 5 – Quais são as consequências de cada modo de falha?

Determine quais são os potenciais efeitos da falha e as consequências que isso terá para os funcionários, clientes ou hóspedes, no caso de um hotel. Se o elevador cair, pode resultar em feridos. Se parar, o risco de segurança é menor, mas os envolvidos não ficarão contentes. Se um hotel tiver o elevador indisponível durante vários dias, os hóspedes terão de ir até outra ala para chamar outro elevador, descer até à sala de pequenos-almoços e usufruir de todos os espaços do hotel.

 

Questão  6 – O que é que pode/deve ser feito para prevenir ou prever as falhas?

Aqui entra a seleção das tarefas de manutenção. Defina táticas de manutenção para prever e prevenir as falhas. Quanto maior o risco associado à falha, mais deve investir na prevenção. No caso dos elevadores, pode prever falhas a partir do momento em que o elevador deixa de nivelar bem os pisos, por exemplo. A prevenção deve ser feita por uma empresa especializada.

 

Questão 7 – O que fazer se a prevenção falhar?

Preveja o que fazer no caso de haver uma falha! Mas o mais importante é rever as suas táticas. Se as tarefas de manutenção não estão a surtir o efeito esperado, mude o seu plano de manutenção. Analisar, rever, afinar!