Em 2020, não se pode dizer que o lean seja propriamente uma novidade. Muito pelo contrário, já é um método muito conhecido para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir os custos operacionais. Como? O pensamento lean propõe melhorias contínuas (kaizen) e eliminar o desperdício (muda). Quando dizemos desperdício, estamos nos referindo a qualquer atividade que não adiciona valor ao produto, e que o cliente não está disposto a pagar.

 

Onde o leitor entra? Ainda bem que se fez essa pergunta. Na realidade, há muitas coisas que um facility manager pode fazer para reduzir o desperdício. E você vai perceber isso assim que conhecer melhor os 8 desperdícios do lean. Portanto, agora é a nossa vez de fazer uma pergunta: você está pronto para enfrentar os monstros no armário?

 

Qual é a origem do lean manufacturing?

O conceito de “lean” é relativamente novo. O termo surgiu no Ocidente apenas em 1988, e só em 1996 foi publicado o primeiro livro sobre os 5S, ou os 5 princípios que guiam o lean [em inglês]. Mas, na prática, o lean manufacturing já existia desde os anos 30 com outro nome – o “Método Toyota”. O pensamento lean, a filosofia lean e a metodologia lean bebem todas da mesma fonte: o sistema de produção implementado pela Toyota nos anos 30, e que mudou muito pouco desde então. 

 

Antes de implementar este método, porém, você precisa de entender quais são os 8 desperdícios do lean. Sete deles estavam previstos desde os anos 30, e o 8º é uma nova adição. Depois de identificar cada um deles na sua própria empresa, você pode agir, eliminá-los, e reduzir o desperdício. Então, sem mais delongas… 

 

Quais são os 8 desperdícios do lean?

 

  • Defeitos 

Não há dúvidas de que os produtos com defeito são um desperdício de tempo e dinheiro. Os defeitos podem resultar em falta de padrão ou de controle de qualidade, erros de planejamento da produção, estruturas de produto incompletas, assim como falhas na manutenção. Estas últimas fazem com que os equipamentos tenham uma performance pior e um output com menos qualidade, o que influencia negativamente o OEE. Se certifique de que há um checklist ou algum tipo de controle no fim de cada etapa da cadeia de produção, e fique atento ao OEE. Se ele aumentar, a produção está produzindo menos desperdício. Se descer, faça um plano de ação!

 

  • Excesso de processamento

O  excesso de processamento consiste em qualquer atividade que aumenta o custo ou o tempo de produção. Por exemplo, usar materiais que são mais caros do que aquilo que o consumidor está disposto a pagar. Tal como… servir café recém-moído a alguém que fica satisfeito com café instantâneo. A maioria das vezes, o excesso de processamento acontece porque o processo de fabricação não está bem pensado ou é muito redundante, tanto ao nível administrativo, como na linha de produção. Também podem se somar outros problemas, como a duplicação de informação e de tarefas. Uma solução é trabalhar mais no mapeamento de processos e simplificá-lo, tentanto integrar várias ferramentas

 

  • Excesso de produção 

Talvez o maior desperdício das empresas seja produzir mais do que o necessário, mais rápido do que é preciso, ou antes de ser preciso. Muitas vezes, a produção não consegue acompanhar o ritmo de procura; e, se produzir mais do que o necessário, o estoque vai ficar parado no armazém. É fácil pensar que o excesso de produção só acontece quando não está atento às mudanças do mercado, mas também pode ser uma consequência de um processo pouco confiável, horários instáveis ou falta de comunicação. Use estatísticas para prever a procura, estimar os tempos de produção, e aja em conformidade. 

 

  • Tempos de Espera 

“Tempo é dinheiro” é uma das poucas expressões que se traduz para todas as línguas. Seja esperando por pessoas, peças ou materiais, documentos ou ferramentas, ou para que os equipamentos voltem a ficar disponíveis, ficar parado é uma perda de tempo. Se você é facility manager ou gestor de manutenção, não precisamos de te relembrar de que faz parte do seu trabalho assegurar que os equipamentos estão disponíveis quando as equipes precisam deles. Você pode evitar tempos de espera se simplificar os pedidos de autorização, centralizar a informação e, claro, melhorar a disponibilidade.

 

  • Inventário 

A má gestão de inventário vai desde armazenar mais produtos do que você consegue liberar até quebras de estoque, passando por guardar computadores dos anos 90 e peças estragadas. Os materiais que não usa ocupam espaço e, pior, fazem com que você não encontre facilmente aquilo de que realmente precisa. As empresas que seguem metodologias lean à risca só fazem encomendas quando são absolutamente necessárias, assim conseguem otimizar o uso do armazém. Além disso, talvez seja bom implementar listas ordenadas de materiais para evitar rupturas.

 

  • Excesso de Transporte 

Transportar o produto ou os materiais mais vezes do que o necessário gera mais desperdício de recursos e de tempo. Os clientes não querem pagar mais por isso! Aliás, nem deviam pagar mais pelo simples fato de a empresa não organizar a cadeia de fornecimento, nem fazer uma gestão de MRO ou ter vários armazéns. O excesso de transporte pode ser evitado por meio de melhorias no planejamento, gestão de armazéns e organização do espaço de trabalho.

 

  • Excesso de Movimento 

Acabamos de mencionar o excesso de transporte, e agora movimento. Mas, não são sinônimos? O transporte é a deslocação desnecessária de produtos e materiais, enquanto o movimento se refere ao movimento de pessoas. Qualquer movimento que não acrescente valor ao produto é um desperdício. Como, por exemplo, ir buscar um equipamento compartilhado ou ferramentas que estão guardadas em outra área. Como facility manager, talvez seja aqui onde você pode fazer a diferença para evitar desperdício. Veja algumas ideias: melhorar a disposição do local de trabalho, criar controles visuais ou adotar linhas de produção em U. 

 

  • Desperdício de talento

A má utilização do capital humano é outro dos 8 desperdícios do lean, apesar de não estar incluído no plano original. Hoje em dia, porém, sabemos que o desperdício de recursos humanos é tão grave quanto todos os outros. Isto acontece quando está ocupando técnicos com tarefas que ficam abaixo das suas capacidades ou quando não considera o feedback dos seus funcionários. Quando as pessoas não se sentem valorizadas, seja por falta de realização profissional, ou porque se sentem ignoradas, elas mudam de empresa. Além disso, você pode perder talentos que levam ideias brilhantes para os seus concorrentes!

 

À medida que a Indústria 4.0 e a IoT se tornam uma realidade, podemos pensar que já existem soluções e automatismos para tudo. Mas, se a sua filosofia não está alinhada com a tecnologia, nunca conseguirá ser tão produtivo quanto preicsa. Aderir a uma metodologia lean vai simplificar os processos – aliás, mesmo que não adote 100%, existem sempre vantagens em eliminar qualquer um destes “8 desperdícios do lean”. 

 

Quer saber mais sobre Lean?

Leia o artigo Manutenção Lean para iniciantes.