Terceirizar é bom ou ruim? 

Para ter uma resposta adequada, primeiro temos que entender o que vem a ser a Terceirização.

O termo equivalente em inglês é “outsourcing” que significa “de fornecimento externo”.
A terceirização, é utilizada em todos os lugares, pelas mais diversas razões e contextos, significa então repassar a alguém uma tarefa, responsabilidade ou atribuição. 

A terceirização está presente no nosso dia a dia faz muito tempo. A palavra, como neologismo, apareceu no vocabulário empresarial brasileiro há uns 30 anos. Mas desde que a primeira vez que alguém comprou uma corda feita de pelo ou crina de camelo, lá pelos 5 mil anos antes de Cristo, estava criada a terceirização de fabricação de produtos.

Digressões históricas à parte, aqui na nossa seara da Manutenção, Gestão de Ativo e Gestão de Facilities, a terceirização de serviços é uma importante componente da composição estratégica das empresas mais expostas à competição mundial.

Recomendo a leitura de nosso texto sobre MCN – Manutenção Centrada no Negócio. A decisão sobre terceirização na área de Manutenção, seja ela em que setor for, tem que estar na linha do sucesso do negócio da empresa. 

Terceirização na Manutenção Brasileira – Uma realidade

O mercado brasileiro de Manutenção gira bilhões e bilhões de reais todos os anos, empregando mais de 12 milhões de pessoas que atuam direta ou indiretamente na manutenção de: 

  • hotéis; 
  • fábricas;
  • usinas; 
  • shopping centers; 
  • hospitais; 
  • plataformas de petróleo; 
  • estradas; 
  • aeroportos e portos; 
  • redes de distribuição de gás; 
  • energia; 
  • água e esgoto; 
  • aeronaves; 
  • navios; 
  • caminhões; 
  • aerogeradores.

E tantos mais.

As empresas fornecedoras de serviços para a Manutenção, além de empregos, são fonte de renda e disputam um mercado cada vez mais exigente, profissionalizado e competitivo, em que  cada 1% de participação pode significar milhões de reais de faturamento.

Conforme dados da última pesquisa sobre este tema, em 90% das empresas brasileiras a terceirização na Manutenção está presente. A mesma pesquisa aponta que 71% dos gerentes de Manutenção aprovam a terceirização como forma de obter melhor desempenho técnico e econômico de seus ativos e 80% deles recomendariam seus atuais fornecedores a outras empresas.

Como todo gerente de qualidade sabe, as vezes não basta fazer bem. É preciso saber se a concorrência está fazendo melhor. Isso se chama benchmarking. E é por isso, cada vez maior o número de empresas e profissionais que buscam aprimorar-se e saber como estão a melhores práticas na contratação de serviços, setores que mais terceirizam, quais serviços são mais frequentes de contratação externa, os principais players deste mercado, tendências e formas de contratação. 

Ainda conforme os dados da citada pesquisa nacional, os motivos para se fazer uma terceirização, qualquer que seja, variam conforme o cenário e atores, mas sempre está, ou deveria estar, em alinhamento com os objetivos e metas empresariais, obediência a seus valores, inserção e engajamento total na consecução da visão e missão organizacional.

Terceirizar ou não terceirizar, eis a questão?

Todo mundo precisa terceirizar alguma coisa na Manutenção? A resposta é não.
Tem alguma coisa na Manutenção que não possa ser terceirizada? A resposta também é não.

O importante é saber que, definitivamente, terceirizar significa delegar e muita gente por aí traduz para “delargar”. Nada a ver.

A recomendação maior é de que ao buscar o modelo, o comparativo, se vale a pena terceirizar um serviço ou mesmo um conjunto de serviços, o contratante deve listar claramente o que quer e o que não quer. Essa lista, se bem descrita, se chama escopo. O escopo do que faço eu mesmo, com meus próprios recursos e pessoal, e que pode vir a ser feito por alguém de fora da minha empresa. E, obviamente, quanto me custa e os resultados, num modelo ou no outro.

Escopo construído, a etapa seguinte neste roadmap, é ter certeza de que a gestão da informação está em suas mãos, com ou sem terceirização. Um bom software pode lhe trazer essa tranquilidade. Veja nossas dicas no texto “26 Razões para se ter um bom Software de Gestão na Manutenção”.

Uma vez feito o comparativo e decidido partir para um processo de terceirização, é fundamental garantir que todas as empresas fornecedoras, que venham a participar da concorrência e posteriormente prestar os serviços, estejam alinhadas, seguindo as mesmas diretrizes, facilitando a equalização técnica das propostas para, ao final, facilitar a decisão de contratação (ou não) e acompanhamento de desempenho, independente da região de localização dos ativos. 

As mais bem sucedidas terceirizações são aquelas onde estão bem definidos, desde o início,  como serão avaliados os serviços e todo mundo sabe e se orienta pelos SLA (Service Level Agreement) , no melhor português ANS – Acordo de Nível de Serviços, e seus KPI`s – Indicadores de Performance, tanto das equipes envolvidas, pessoal atendido e quanto do funcionamento dos equipamentos e instalações sob cuidados.

Terceirização – Prós e Contras

Para não nos estendermos muito e não fugirmos ao tema central deste texto, para exemplificar, vamos dar uma olhada mais de perto do que se passa na Manutenção Predial. Edificações abrigam todos os ambientes de uso das pessoas – hotéis, shopping centers, hospitais, escritórios – e processos produtivos – fábricas, usinas, plataformas de petróleo, siderúrgicas.

A manutenção dessas instalações é muitas vezes bastante onerosa e não se ajusta às estratégias de uso, comprometendo a garantia de disponibilidade da infraestrutura para a operação/produção.

A Manutenção Predial tem se tornado participante ativa do quotidiano a ponto de a ser considerada como estratégica para que a empresa cumpra com seus objetivos e seja competitiva.

A conformidade das instalações do ambiente organizacional e a prestação continuada dos serviços acessórios está a exigir cada vez mais competência na gestão, desde o planejamento até a execução, sem esquecer do controle. Aí é que entra a terceirização. Ou não.

Os resultados da pesquisa sobre Terceirização nos mostram o que mudou de um ano para outro, com o país saindo lentamente de uma crise econômica profunda. Veja na tabela abaixo a evolução dos principais fatores motivadores de uma terceirização:

 

Fator Motivante 2019 2020
Redução de Custo 26,6 % 13,4%
Redução de Pessoal  9,4% 25,8%
Expertise do Serviço 48,4% 47,4%
Melhoria do Desempenho 6,3% 8,2%
Outro 9,3% 5,2%

 

Dependendo do seu ponto de vista, muitas interpretações podem ser dadas aos números que a pesquisa nos escancara. Mas algumas coisas ficam óbvias, como por exemplo de que o principal motivo para se terceirizar parcelas ou áreas inteiras continua sendo, de longe, a busca por excelência nos serviços (EXPERTISE). 

Percebe-se também que o fator “Redução de Custo” cedeu lugar à “Redução de Pessoal” nas justificativas que levam à terceirização. Minha leitura é de que as recentes mudanças na legislação deram mais segurança jurídica aos processos de terceirização no final de 2019 e início de 2020 e, com certeza, a melhoria gerencial das empresas, focando em sua atividade fim. 

Terceirização – Contras

Bebendo na mesma fonte da pesquisa mencionada, temos uma boa indicação de quais problemas podemos nos defrontar ao terceirizar serviços. Perguntados sobre onde a terceirização tem mais dificuldades em sua implantação e gestão, os profissionais da Manutenção apontaram:

  • Qualidade de mão de obra;
  • Qualidade na Gestão do Fornecedor;
  • Continuidade dos Serviços;
  • Visualização dos Resultados;
  • Rotatividade de Mão de Obra;
  • Complexidade da Legislação;
  • Dificuldade de Relacionamento (Público Interno).

Terceirização – Prós

Continuando nossa conversa, tendo ainda por base a pesquisa, chegamos à lista que enumera os bons motivos para terceirizar serviços. Respondendo a pergunta sobre os aspectos positivos da terceirização em sua implantação e gestão, os profissionais da Manutenção apontaram:

  • Custo;
  • Domínio Técnico (know-how);
  • Disponibilidade do Fornecedor;
  • Disponibilidade de Instalações;
  • Mitigação de Riscos;
  • Atendimento da Legislação.

Conclusão

71,6% dos profissionais da Manutenção, que responderam a pesquisa em que nos baseamos, disseram que terceirizar é uma boa opção estratégica. É uma maioria expressiva, mas é interessante observar que 90% das empresas têm algum tipo de terceirização.

Essa distância de 19 pontos percentuais entre um dado e outro mostra que tem muita gente descontente com a terceirização que existe em sua empresa.  Motivos? Creio que podemos apontar coisas como aspectos culturais, experiências mal sucedidas, incômodo com “perda de poder”, dificuldade em trocar a gestão de pessoas por gestão de contratos, etc.

Minha opinião é de que terceirizar na Manutenção é a coisa mais comum do mundo e dentre os fatores críticos de sucesso da Manutenção não há nenhum dogma a esse respeito, tanto contra quanto a favor.

Não conheço modelo de terceirização que atenda toda e qualquer empresa, pois terceirização não é panaceia para todos os problemas nem maldição a ser esconjurada. Cada um com seu cada qual.