A sustentabilidade nos negócios é um conceito amplo, que une três vertentes muito diferentes. A vertente econômica, ou seja, a rentabilidade da empresa; a social, que diz respeito ao impacto do negócio na comunidade; e a ambiental, que procura o equilíbrio com o meio ambiente. Mas o que é o facility management sustentável?

O que é o facility management sustentável? 

O facility management sustentável procura que cada edifício tenha um impacto muito reduzido, ou mesmo neutro, no ambiente. Geralmente, isto implica diversas mudanças nas operações do dia a dia, assim como alterações à própria estrutura dos edifícios. Uma das possíveis alternativas às alterações arquitetônicas é utilizar tecnologia inteligente sustentável.

Porém, está demonstrado que o facility management sustentável não se limita a minimizar o impacto dos edifícios. Uma gestão sustentável das infraestruturas tem repercussões para os edifícios, para as pessoas e para as organizações. Portanto, vale a pena explorar os benefícios do facility management sustentável – tangíveis e intangíveis. 

Promove a produtividade

O facility management influencia as condições de trabalho e, consequentemente, a produtividade. Um estudo da Universidade de Cornell descobriu que, quando a temperatura do ar-condicionado estava entre 20 e 25ºC, os trabalhadores cometiam menos erros quando escreviam. Aliás, “menos” é um eufemismo: a quantidade de erros caiu quase pela metade, 44%.  (Se descobrir algum neste texto, era um dia frio.)

Quanto à umidade do ar, quem trabalha em ambientes secos (umidade relativa inferior a 30%) ou muito úmidos (umidade relativa superior a 60%), sofre mais estresse. O estudo descobriu ainda uma relação indireta entre a umidade relativa e a qualidade do sono, que também influencia a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores. 

Finalmente, um estudo da Universidade de Harvard concluiu que uma ventilação ruim influencia as nossas funções cognitivas. A baixa qualidade do ar interior – com níveis elevados de CO2 e PM2.5 – afeta tanto a nossa saúde como a produtividade. Portanto, mais uma vez, zelar pelo bem-estar de quem trabalha vai de mãos dadas com a sustentabilidade do negócio.

No facility management pós COVID-19, os sensores já tinham se estabelecido como uma forma de evitar desperdício de energia quando ninguém está no escritório. Mas, agora temos a prova de que o monitoramento em tempo real tem muitos mais benefícios intangíveis.

Ajuda a atrair e reter talento

Já vimos que, quando o facility management foca no utilizador, contribui para a produtividade e bem-estar. Um local de trabalho de qualidade, com luz natural, boa ventilação e a uma temperatura adequada, pode fazer com que as pessoas faltem menos 4 dias por ano. Mas não é só isso que torna o FM em um aliado de peso para reter talento.

As pessoas satisfeitas com o local de trabalho tem mais 18% de probabilidade de ficar na empresa e se sentem 30% mais atraídas pela sua empresa do que pela concorrência. Cerca de 66% dos inquiridos pela Harvard Business Review declaram que um “local de trabalhado focado na saúde e bem-estar” é decisivo para aceitar um novo trabalho ou decidir ficar no atual a longo prazo.

Daí concluímos que o facility management sustentável não só contribui para reter talento, como também para atrair talento. É um fator que os trabalhadores levam em consideração quando estão à procura de trabalho ou a decidir entre um trabalho ou outro.  E, de acordo com as estatísticas, ganha importância à medida que os millennials dominam a população ativa.

Segundo a Forbes, 8 em cada 10 millennials têm a expectativa de que as empresas se comprometam com uma boa “cidadania corporativa”. Um inquérito da IBM descobriu que, depois da pandemia, 71% dos trabalhadores querem trabalhar para uma empresa que se preocupe com a sustentabilidade ambiental. Aliás, esse já foi um fator de desempate para quase 40% dos millennials

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Diminui a pegada ambiental da empresa

Talvez o benefício mais óbvio do facility management sustentável seja diminuir a pegada ambiental da empresa. Estima-se que os edifícios consomem 40% da energia que usamos e 55% da eletricidade. Mas também se estima que 30% dessa energia se perde, o que significa que a maioria das empresas tem uma fatura de energia astronômica e uma pegada ambiental desastrosa.

O facility management sustentável olha para todos estes desperdícios e analisa formas de os diminuir. Muitas vezes, basta “atacar” fontes de desperdício – por exemplo, através de um sistema AVAC mais eficiente ou com tecnologia que monitora os equipamentos em tempo real. Outras, são necessárias alterações mais profundas, para reabilitar o edifício ou instalar fontes de energia renovável.

Na Austrália, os edifícios com a certificação “Green Star” (“Estrela Verde”) reduziram a emissão de gases com efeito de estufa em 62%, em comparação com os outros edifícios. Na Índia, poupam 40 a 50% da energia e gastam menos 20-30% de água. Na África do Sul, reduziram o consumo de energia e as emissões de carbono em 30-40%, enquanto a água se mantém nos 20-30%.

Gera economia para a empresa

Mas os ganhos ambientais também se transformam em ganhos financeiros rapidamente. Nos Estados Unidos, os edifícios certificados como “LEED” – Leadership in Energy and Environmental Design, um programa desenvolvido pelo “Conselho de Edifícios Verdes dos EUA” – têm custos de manutenção 20% mais baixos do que os edifícios convencionais.

Além disso, à medida que as energias renováveis se tornam mais acessíveis do que os combustíveis fósseis, o retorno sobre o investimento não tarda. O preço da eletricidade gerado por energia solar baixou 89% em 10 anos, enquanto  a energia eólica baixou quase 70%. No futuro, é bem provável que as fontes de energia renováveis e não poluentes sejam ainda competitivas.

Implementamos um sistema inteligente de gestão de energia no escritório, e, sinceramente, foi uma das melhores decisões que já tomamos. Com dispositivos IoT monitorando tudo (iluminação, aquecimento, refrigeração), finalmente conseguimos identificar onde estávamos desperdiçando energia. Um grande achado? O aquecimento continuava funcionando muito depois que todos já tinham ido para casa, por causa de cronômetros antigos e ultrapassados. Resolver isso com horários automatizados foi uma vitória rápida.

O impacto foi imediato: reduzimos nosso consumo de energia em 20% no primeiro ano, e foi muito gratificante saber que estávamos diminuindo nossa pegada de carbono. O que mais me surpreendeu foi como isso mudou o comportamento das pessoas. Assim que todos puderam ver os dados em tempo real sobre o uso de energia, as atitudes mudaram. Monitores começaram a ser desligados durante os intervalos, e as pessoas passaram a abrir as persianas em vez de acender as luzes. Sem memorandos, sem cobranças — apenas a conscientização fazendo o trabalho.

Se você está pensando em experimentar algo assim, sugiro começar com algo pequeno, como iluminação com sensores de movimento ou tomadas inteligentes, e observar como essas pequenas mudanças se acumulam. Para nós, não foi apenas sobre os números na conta de energia — foi sobre como isso trouxe a equipe para o mesmo objetivo, transformando a sustentabilidade em algo que todos podemos nos orgulhar. — Holly Andrews, Diretora Geral na KIS Finance

Retorno sobre o investimento

Um relatório de 2018, “The Financial Case for High Performance Buildings”(“A Apologia Financeira dos Edifícios de Alta Performance”) sugere uma subida de 3% na produtividade, um aumento de 5% na retenção de talento e uma redução das faltas em 30%. No cálculo final, há um lucro de 3.395 dólares por funcionário e 18,56 dólares por metro quadrado. O retorno no investimento é de 6.29% ao ano. 

Por outro lado, se está tentando atrair investidores, os critérios ESG têm cada vez mais influência. Em 2021, uma pesquisa da IBM revelou que 48% dos investidores consideram a sustentabilidade e 21% planejam fazê-la no futuro. A maioria, 59%, tinha a intenção de comprar ou vender ações com base nesses fatores durante o ano seguinte.

Impacto positivo na comunidade

Já falamos que os edifícios mais sustentáveis têm um impacto positivo na produtividade e bem-estar dos funcionários. Mas, se você não trabalha em um edifício de escritórios, talvez isto não te impacte. Por isso, queremos dar um exemplo diferente sobre o impacto dos edifícios com áreas verdes. Atenção: as áreas verdes podem ser árvores em volta do edifício, jardins verticais ou plantas em varandas.

Um estudo australiano descobriu que os pacientes em hospitais com “infraestrutura verde” tinham internamentos 8.5% mais curtos, recuperavam 15% mais depressa, tinham menos 11% de infeções secundárias e também precisavam de 22% menos analgésicos. Os edifícios com áreas verdes contribuem para o bem-estar de quem os ocupa e têm um impacto positivo na comunidade.

Além disso, os edifícios verdes podem reduzir a temperatura dentro das cidades em 2ºC. Basta que 7% das coberturas sejam verdes para reduzir as ilhas de calor urbanas! Portanto, é mais um exemplo de como o facility management sustentável conecta a organização com a comunidade em que se insere.

Por outro lado, também há um reconhecimento do público. Um estudo de 2021 concluiu que 85% dos consumidores mudaram os seus hábitos de consumo nos últimos 5 anos em prol da sustentabilidade. Cerca de ⅓  está disposto a pagar mais por produtos sustentáveis e de empresas sustentáveis. Então, quando você prioriza a sustentabilidade, está apenas cumprindo as expectativas dos consumidores.

Uma plataforma colaborativa para visibilidade total sobre as operações de FM.