Muitas vezes, associamos a palavra “sustentabilidade” apenas ao meio-ambiente. Mas, no mundo dos negócios, a sustentabilidade está bem assente em três eixos: o ambiental, o social e o económico. Por outras palavras, a sustentabilidade empresarial só existe quando as empresas são lucrativas e contribuem para o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade e do nosso planeta.

 

Obviamente, todas as empresas precisam de fazer lucro. (Mesmo que tenha uma ideia que pode melhorar a vida de milhões de pessoas, não serve de nada se tiver de abrir falência.) Sem crescimento económico, é impossível subsistir. O que a ideia de sustentabilidade empresarial reforça é que esse crescimento não pode acontecer à custa da exploração de pessoas e do ambiente.

 

A longo prazo, a desarmonia é insustentável. Mas esse não é o único benefício de promover a sustentabilidade nos negócios, já que está comprovado que tem imensas vantagens:

 

  • reduz a pegada de carbono
  • evita o desperdício de materiais 
  • optimiza os custos e gastos em serviços
  • cria uma imagem positiva da empresa
  • promove a atracção e retenção de talento
  • desenvolve um negócio mais resiliente

 

O que são os critérios ESG? 

 
Acredito que as empresas que vão marcar o nosso futuro são aquelas que conseguem entender as necessidades do cliente e atuar de maneira ética e comprometida, assim como extrair o melhor das equipas internas com flexibilidade e inovação. Os ESG devem nortear o compromisso ético das empresas em todas as decisões.”

– Irimar Palombo, CEO na Associação Brasileira de Facility Management

 

ESG significa, em Inglês, “Environmental, Social, and Governance”. Não há uma tradução única em Português, mas neste artigo vamos referir-nos a indicadores ambientais, sociais e corporativos (por vezes aparece como “Meio ambiente, Sociedade e Governança ou Governo Corporativo”). 

 

Hoje em dia, os critérios ESG são determinantes para conseguir financiamento para o seu negócio. O objectivo é promover “investimentos com responsabilidade social”, em empresas com um impacto positivo na comunidade, que lutam contra a desigualdade e têm uma pegada ecológica baixa.

 

Estes três critérios estão directamente relacionados com os três pilares da sustentabilidade empresarial: a proteção ambiental, a equidade social e a viabilidade económica. Portanto, vamos seguir esta linha de pensamento para perceber como promover a sustentabilidade empresarial.
 

Responsabilidade Ambiental 

 

Talvez seja aqui que a Manutenção e Facility Management possam ter um impacto mais positivo. Comece por avaliar:

 

  • como usa energia nos seus edifícios?
  • como está a gerir os seus resíduos?
  • que tipo de produtos usa na manutenção?

 

Se está a fazer as coisas “à moda antiga”, de certeza que há muito por onde reduzir o impacto ambiental das suas operações. Reduzir a pegada ambiental da sua empresa passa, entre outras coisas, por desenvolver low energy buildings ou nearly zero energy buildings, que produzem a energia que consomem. 

 

Os edifícios consomem 40% da energia na União Europeia e são responsáveis por 36% das emissões de carbono. Mesmo que uma renovação completa do edifício não seja possível, pode aplicar tecnologias inteligente para reduzir o desperdício de energia e promover a sustentabilidade.

 

💡 Saiba mais sobre como aumentar a sustentabilidade no retalho e como aumentar a sustentabilidade na hotelaria. 

 

Outra preocupação, porque o Facility Management também se ocupa da gestão de resíduos, é atingir “zero waste” (não produzir resíduos) e “zero landfill” (não enviar nada para aterro). Isso significa que é preciso delinear estratégias para reduzir a quantidade de lixo e também para reutilizar continuamente os recursos.

 

Além de se certificar que há contentores para reciclagem suficientes, analise a lista de compras em detalhe. Os produtos de limpeza são ecológicos? Os materiais de uso único são biodegradáveis? Está a fazer compostagem dos restos de comida? Até um simples cabide pode ser de plástico reciclado e mais amigo do ambiente.

 

Finalmente, não se esqueça de ter em consideração a economia circular quando estiver a planear a sua gestão de activos. Quando estiver a ponderar a compra de novos activos e a comparar fornecedores, tenha em consideração a manutenibilidade do equipamento e como o vai descartar no fim da sua vida.

 

Privilegie equipamentos reutilizáveis, máquinas que são fáceis de reparar (em vez de terem de ser totalmente substituídas) e matérias-primas que se podem reutilizar e “recircular”. Na UE, a economia circular pode contribuir para uma redução de 2-4% na emissão de gases e poupar 600.000 milhões de euros até 2030.

 

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Responsabilidade Social 

 

Outro ponto essencial para a sustentabilidade nos negócios é o impacto na comunidade em que se insere:

 

  • tem um impacto positivo na economia local?
  • está envolvido em projectos locais?
  • está a comprometer o ecossistema local?

 

O impacto social mede-se, primeiro, pelo impacto directo que tem na vida dos seus trabalhadores. Está a oferecer boas condições de trabalho no dia-a-dia? Os seus pagamentos são justos e iguais para todos os que desempenham funções semelhantes? O horário é flexível? Há benefícios para famílias? 

 

Também faz sentido perguntar-se se está a oferecer oportunidades de aprendizagem e capacitação. Se os trabalhadores não se mantiverem actualizados, dificilmente terá um negócio sustentável, capaz de se adaptar a novas tecnologias e de reter funcionários.

 

Por falar em aprendizagem, pode ser pertinente oferecer bolsas de estudo ou estágios na sua empresa a alunos de escolas próximas. Este tipo de iniciativas são um win-win: por um lado, oferece oportunidades à comunidade; por outro, consegue atrair novos talentos.

 

Mas nem todas as iniciativas precisam de ser win-win. Muitas empresas patrocinam iniciativas simplesmente porque se enquadram nos valores da empresa. A Lush, por exemplo, está investida na reflorestação no Peru: 40% da plantação não é usada para produtos, apenas para promover a biodiversidade.

 

Por último, lembre-se de promover a transparência. Se for transparente com os seus clientes, torna-se mais fácil mostrar que o seu negócio é positivo para a comunidade, especialmente se tiver uma actividade com alto impacto ambiental, como a agro-pecuária ou a produção de papel.

 

É importante dissipar qualquer dúvida sobre as descargas de resíduos para os rios ou a poluição do ar. Caso contrário, a sua empresa pode ser vista como algo prejudicial, que reduz a qualidade de vida de quem vive na zona. Em Portugal, por exemplo, são frequentes as descargas ilegais no rio Lis, no rio Este e no rio Alviela.

 

Responsabilidade Corporativa

 

Quando falamos em critérios ESG, o “Governo Corporativo” avalia se a empresa é gerida de acordo com os interesses dos accionistas, incluindo os minoritários. Analisam-se factores como a estrutura do conselho de administração, a conduta da empresa, gestão de crise, exposição ao risco, estratégia fiscal e, claro, a gestão da cadeia de fornecimento. 

 

Como a Manutenção e o Facility Management são frequentemente outsourced, este é o único factor em que podem ter um impacto directo:

 

  • os fornecedores respeitam os critérios ESG? 
  • como garantir o nível de serviço dos fornecedores?
  • a contratação de fornecedores é transparente?

 

Um negócio ético, preocupado com a sustentabilidade, precisa de garantir que esses princípios se aplicam a toda a cadeia de fornecimento. Todos os fornecedores devem oferecer condições seguras de trabalho, evitar o desperdício e ter consciência ambiental, por exemplo.  Um “fair trade” para serviços.

 

Quando faz outsourcing de serviços, também acaba por fazer outsourcing das suas responsabilidades, compromissos e reputação. Por isso, é importante estabelecer um Acordo de Nível de Serviço (SLA) ou contrato que cubra todos os critérios essenciais para si.

 

Por último, a escolha dos fornecedores deve ser absolutamente transparente. Não só para evitar conflitos de interesse, mas também para permitir aos executivos fazer a escolha mais acertada: aquela que combina o desempenho financeiro com os restantes critérios. 

 

Não há um plano ou um guia passo a passo que lhe possamos dar para implementar a sustentabilidade. Promover a sustentabilidade e comprometer-se com critérios ESG é algo que a sua empresa precisa de assumir e tomar como missão. Quando tiver assumido esse compromisso, torna-se um processo de melhoria contínua.