Há poucas verdades universais. Mas uma delas é que qualquer gestor de manutenção gostaria de ser vidente. Saber quando um dano vai acontecer, quando será preciso trocar aquela bateria… e quanto tempo vai durar cada equipamento. Infelizmente, nenhum de nós tem o poder de adivinhar o futuro. Por isso, nos resta perguntar: como calcular a vida útil de um ativo?

 

O que é a vida útil de um ativo?

 

Em primeiro lugar, precisamos distinguir “vida útil” de “longevidade”. A vida útil corresponde ao período de tempo em que se espera que o ativo atinja o seu desempenho máximo. Porém, é possível que continue operacional mesmo depois deste período. É só pensar como ainda existem carros dos anos 1960 circulando pelas estradas, porque os seus donos investem em reparações e manutenção.

 

À medida que o tempo vai passando, é normal que os equipamentos precisem cada vez mais de manutenção e, eventualmente, de uma renovação completa. Muitas vezes, isto é o suficiente para garantir a funcionalidade e até pode ser mais econômico do que adquirir um novo equipamento. Por outro lado, equipamentos funcionais que estragam com frequência podem não ser confiáveis.

 

Portanto, nem a definição de “vida útil”  é tão óbvia quanto pensávamos, nem a resposta é tão evidente quanto gostaríamos. Mas, resumindo, podemos olhar para a questão de duas diferentes perspectivas:

 

  • Sob uma perspectiva de gestão de ativos, a vida útil de um ativo corresponde ao período em que é utilizável.

 

  • Sob uma perspectiva financeira e de contabilidade, corresponde ao período de tempo em que gera benefícios econômicos para a empresa.

 

Em mais detalhe: qual é o ciclo de vida dos ativos?

 

Neste ponto, é pertinente fazer uma pequena pausa para entender melhor o ciclo de vida dos ativos. Ele se divide em 4 fases distintas:

 

Planejamento ⟶ Aquisição ⟶ Operação & Manutenção ⟶ Descarte

 

1. O planejamento é a fase em que vemos que há uma necessidade e ponderamos a compra. Por exemplo, quanto tempo conseguimos poupar se implementarmos uma Plataforma de Manutenção que atribui danos automaticamente a um técnico?

 

2. A segunda fase é absolutamente pragmática. Antes de tomar uma decisão, comparam-se diversos fornecedores, calcula-se o ROI de cada opção, avalia-se o capital disponível e discutem-se as personalizações necessárias com o fornecedor escolhido.

 

3. Finalmente, o equipamento está em uso e tem um impacto positivo no desempenho operacional da empresa e nos seus lucros. Requer monitoramento e manutenção, com uma necessidade que aumenta ao longo do tempo. Esta fase é representada pela curva da banheira (leitura muito recomendada).

 

4. No fim da sua vida – e dependendo se estamos falando da sua vida útil ou da perda total de funcionalidade – pode ser vendido, remodelado, reciclado, enviado para um aterro e substituído. Com o avanço da economia circular, é cada vez mais provável que o “fim” nunca seja um fim definitivo.

 

Como calcular a vida útil de um ativo?

 

Não há nenhuma fórmula nem nenhum modelo matemático universal para calcular a vida útil de um ativo. Até porque a vida útil do ativo depende da frequência com que ele é usado, das condições a que está exposto (umidade, temperatura, entre outras) e da qualidade da manutenção ao longo da sua vida útil. Para fazer uma estimativa da vida útil de um ativo, você pode consultar:

 

  •  As informações do fabricante: os fabricantes podem fornecer dados que lhe permitem estimar a vida útil do ativo. A informação nem sempre está em anos, mas sim em horas de uso, número de ciclos ou de uso. Com base nessa informação e no uso que pretende fazer do equipamento, faça os seus próprios cálculos. 

 

  • Histórico de equipamentos semelhantes: outra fonte confiável de informação para calcular a vida útil dos ativos é o histórico de equipamentos semelhantes. Essa informação é especialmente interessante porque permite calcular a vida útil com base no uso real e não apenas em um plano teórico. 

 

  • Ajuste anualmente: uma previsão… é sempre uma previsão. Se há falhas frequentes e já não está atingindo o desempenho esperado, reveja as suas estimativas. Se a tecnologia do ativo está ficando obsoleta (por exemplo, porque não se conecta à Internet das Coisas ou porque vai deixar de cumprir requisitos legais) é preciso considerar também esse fator.

 

Porque é tão importante conhecer a vida útil de um ativo?

 

Uma das decisões que os gestores de manutenção têm que tomar com mais frequência é reparar ou substituir. Mas tomar essa decisão sem conhecer a vida útil de um ativo (ou a vida útil esperada de um ativo) pode ser um tiro no escuro. Vejamos:

 

  • Se um ativo no fim da sua vida útil tem um dano grave que exige uma reparação muito cara, vale a pena reparar? Provavelmente não. Em vez de aplicar o dinheiro sem qualquer garantia de retorno, você pode investi-lo em um equipamento novo, que tem uma vida útil muito maior. 

 

  • Se um ativo no fim da sua vida útil ainda está funcional, mas precisa de uma renovação para continuar a ter um bom desempenho, você precisa avaliar o aspecto econômico. Ele continua trazendo benefícios econômicos para a empresa, usando a nossa segunda definição? 

 

⚙️ Aprenda a calcular a depreciação em manutenção e o retorno sobre os ativos fixos. Além disso, você pode consultar aqui a legislação aplicável sobre as quotas de depreciação e amortização no site da Autoridade Tributária.

 

Porém, essa não é a única vantagem de saber a vida útil dos ativos. Conhecer melhor o ciclo de vida dos ativos, assim como as suas diferentes fases, tem outras vantagens: 

 

  • planejar melhor a manutenção de cada equipamento e escolher a estratégia indicada para cada momento; 
  • identificar tendências para planejar a compra de novos equipamentos e assegurar o investimento;
  • assegurar que todos os equipamentos estão em conformidade com todas as regras de qualidade, higiene e segurança. 

 

⚙️ Veja aqui como escolher a estratégia de manutenção certa para cada ativo com apenas 4 perguntas.

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