O ar-condicionado é uma das maravilhas do mundo moderno. Se estamos na rua a bater o dente, procuramos o conforto do ar-condicionado. Se sentimos um calor infernal, tentamos agarrar-nos a ele. Fazemos prova dos 9: alguém imagina reservar um quarto num hotel sem ar-condicionado? Claro que não, porque já é um dado tão garantido quanto a roupa de cama. Mas não há bela sem senão nem rosa sem espinho: o ar-condicionado tem os seus riscos. É por isso que a gestão de manutenção aposta na manutenção preventiva. Não só para a comodidade dos hóspedes, mas também para evitar problemas de saúde pública.
A importância da limpeza de ar-condicionado
Já todos nós tivemos momentos baixos. Como daquela vez em que a preguiça de lavar um prato foi tanta que pusemos um tupperware de plástico no micro-ondas… Até que o plástico derreteu e ficarmos sem tupperware, sem micro-ondas e, claro, sem jantar. A moral desta história é que a preguiça sai cara. Aliás, acaba por nos trazer umas valentes despesas extra! Mas isto, evidentemente, ficou no passado. Agora que somos adultos responsáveis, não nos passaria pela cabeça descuidar uma coisa tão importante como o ar-condicionado, pois não?
Acontece que um dos pontos mais importantes da manutenção do nosso ar-condicionado é precisamente a limpeza. Não é difícil perceber porquê: como normalmente usamos o ar-condicionado em espaços fechados, o ar nunca se renova. Então, os filtros do ar-condicionado tornam-se o depósito ideal para todo o tipo de bactérias. Por outro lado, a falta de cuidado com o sistema de drenagem/ arrefecimento cria águas paradas onde também se podem devolver colónias de bactérias.
Mas a manutenção adequada do ar-condicionado também aumenta a sua vida útil e garante que o aparelho funciona a máxima capacidade. Não limpar os filtros, por exemplo, pode fazer com que o equipamento sobreaqueça ou que não arrefeça a temperatura interior tanto quanto possível. Então, a manutenção apropriada é essencial para oferecer mais comodidade aos seus hóspedes durante os dias quentes da época alta. Por último, diminui os gastos com novos aparelhos e as despesas com reparações corretivas.
A importância da limpeza resume-se a três pontos:
- mais conforto e comodidade para os seus hóspedes, já que o aparelho vai estar a funcionar em condições ótimas;
- prevenir problemas de saúde pública, devido à acumulação de bactérias e substâncias nocivas nos filtros;
- diminuir os gastos e despesas com tarefas de manutenção corretiva e/ou indemnizações por problemas de saúde pública.
Manutenção de ar-condicionado: uma questão de saúde pública
Já mencionamos acima a importância da limpeza do ar-condicionado para prevenir problemas de saúde pública. Mas será que o risco é assim tão grande?
Contaminação do Ar
Vamos fazer um flashback até ao último inverno. Lembra-se daquela altura em que toda a gente no escritório estava constipada? A verdade é que todas as doenças que se contagiam por via aérea são difíceis de conter. Ainda assim, as unidades de ar-condicionado podem contribuir para armazenar e espalhar bactérias, fungos, vírus e pólens. E por falar dos pólens, não nos podemos esquecer dos efeitos nocivos que têm para quem sofre de asma, alergias e bronquite crónica.
Por isso é que ouvimos algumas pessoas repetir vezes sem conta que o “ar-condicionado faz mal” ou que “ficam logo roucas e doentes”. Há mesmo um fundo de verdade nesse mito. Felizmente – e estas são as boas notícias – a prevenção não é difícil. Primeiro, tem de limpar os filtros e o exterior do aparelho. Depois, é preciso arejar todos os espaços coletivos durante todo o ano. Quando os seus hóspedes fizerem check-out, não vão levar uma infeção na mala.
Prevenir a Legionella
Mas se a questão da contaminação do ar é relativamente fácil de resolver com alguns cuidados, o mesmo não se pode dizer da Legionella. Relembramos que a Legionella é uma bactéria que se acumula em tanques e depósitos de água quente, como banheiras, piscinas ou os sistemas de arrefecimento dos, tcharan!, ar-condicionados. Inalar estas águas causa a Doença dos Legionários, que pode ser mortal.
Vale a pena voltar um pouco atrás no tempo: a doença foi identificada em 1977. No ano anterior, um grupo de veteranos da Legião Americana tinha-se encontrado num hotel em Filadélfia. Cerca de 180 ficaram infetados pela doença e 29 acabaram por morrer. Mais tarde, descobriu-se que a contaminação tinha ocorrido através do sistema de refrigeração central. Portanto, é seguro dizer que a doença está associada à hotelaria desde que se conhece, apesar de poder ocorrer em muitos outros espaços.
Em Portugal, os últimos casos confirmados foram nas bases da Força Aérea em Alverca, que ficaram reduzidas a serviços mínimos, e no Hospital de Évora. Também já houve casos na hotelaria, como o deste hotel no Porto que esteve fechado vários meses em 2015, ou um hotel em Chaves que esteve encerrado duas vezes num só ano. As piscinas da Azambuja estiveram fechadas em Outubro de 2018 e em Novembro uma escola de Serpa interditou os balneários. Ou seja, se o seu hotel tem ar-condicionados, piscinas, balneários ou SPA… a legionella está sempre à espreita.
O que diz a lei sobre a manutenção de ar-condicionados?
Uma vez que a limpeza (ou a falta de) tem implicações reais a nível de saúde pública, muitos países adotaram legislação e regulação específica. Em Portugal, o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) foca-se sobretudo na qualidade do ar e na eficiência e no racionamento energético, embora também realce a importância da monitorização e manutenção apropriadas. No ponto 3 do artigo 19º menciona-se o plano de manutenção preventiva, onde se incluem operações de manutenção e limpeza.
No Brasil foi recentemente implementado o PMOC — Plano de Manutenção, Operação e Controle. Trata-se de um conjunto de normas válidas para todos os edifícios de uso público e coletivo. Ou seja, uma compilação de todos os procedimentos para verificar o estado de manutenção, limpeza e conservação de todos os sistemas de climatização. Ao contrário do que acontece com o nosso RSECE, o PMOC foi lançado pelo próprio Ministério da Saúde. O objetivo é que todas as infra-estruturas e edifícios com climatização estejam livres de fungos, bactérias, ácaros e outros riscos de saúde pública.
Como fazer a manutenção de ar-condicionados?
A gestão de manutenção inclui a manutenção do ar-condicionado e do sistema de AVAC. São casos em que recomendamos a manutenção preventiva e a manutenção preditiva para evitar avarias. Esperar que o aparelho falhe para fazer manutenção corretiva não só se torna dispendioso, como também causa imenso desconforto para quem usufrui das instalações.
Dito isto, sabemos que não é fácil controlar a manutenção do ar-condicionado em hotéis com centenas de quartos ou edifícios com centenas de escritórios. É por isso que recomendamos deixar as folhas de Excel e sucumbir às maravilhas da tecnologia. Com a ajuda de uma IMMP, uma plataforma para a gestão de manutenção, é mais fácil definir todas as tarefas e não deixar nada por limpar.
Quando fazer a manutenção de ar-condicionados?
Manutenção preventiva em ar-condicionados
A manutenção preventiva, tal como o nome indica, serve para prevenir problemas. Nos ar-condicionados, sem dúvida que a principal tarefa de manutenção preventiva é a limpeza.
- A limpeza periódica do interior do aparelho, cuja frequência deve ser ajustada ao uso – pode variar entre 1 semana (aparelhos de uso intensivo) a 15 dias (uso intermédio) até 1 mês (uso doméstico). Programe no CMMS as datas de limpeza previstas para cada sala. Assim assegura que os filtros estão sempre limpos e, portanto, o equipamento funciona como esperado.
- A limpeza externa com um pano húmido (nunca use água diretamente). Caso o aparelho esteja sujo nas saídas de ar (por exemplo, com pó ou ácaros), estas impurezas vão comprometer a qualidade do ar. Combine com a limpeza periódica.
- A limpeza dos sistemas de arrefecimento, a mangueira e o tabuleiro de drenagem, para garantir que não há acumulação de bactérias ou águas paradas. A prevenção contra a legionella é essencial.
Manutenção preditiva em ar-condicionados
No caso da manutenção preditiva, o objetivo é prever quando é que os problemas vão acontecer. É mais ou menos como levar o nosso carro ao mecânico para trocar o óleo e bateria – não quer esperar por um acidente para fazer a revisão, pois não? Então, aqui o importante a reter é:
- Trocar os filtros dentro do prazo. O fabricante indica os prazos em que deve trocar os filtros (filtro de poeira, filtro de carvão ativado, etc). Respeite-os: mais uma vez, ajuda se programar esta tarefa no CMMS.
- Reapertar o contacto dos cabos elétricos. Os ar-condicionados são aparelhos elétricos. Por isso, deve rever os cabos elétricos e as ligações a cada 6 meses.
- Verificar as tubagens. Verificar as tubagens e as ligações entre os diferentes aparelhos pelo menos 1 vez ao ano, para evitar avarias.
- Testar o termostato e o sensor de temperatura. O termostato é importante para ter mais eficiência energética e desligar o aparelho quando uma determinada temperatura é atingida. Teste-o pelo menos 1 vez por ano.
Manutenção corretiva? Se não forem as pilhas do comando, é melhor evitá-la. Não quer deixar os seus hóspedes ou os seus colegas de trabalho a sofrer durante as vagas de calor!