O que são os BACS?
Abreviatura de Building Automation Control Systems, os BACS são sistemas de automatização e controlo de edifícios — SACE, na sigla portuguesa. Por outras palavras, são redes centralizadas e interligadas de hardware e software que monitorizam e controlam os vários sistemas de um edifício. O principal objetivo de um BACS é aumentar a eficiência operacional dos espaços, reduzir o seu consumo de energia e proporcionar um ambiente confortável e seguro aos seus utilizadores.
A Diretiva Desempenho Energético dos Edifícios refere-se aos BACS como:
Automatização de edifícios e monitorização do consumo de energia
Segundo o pacote legislativo Energia Limpa para todos os Europeus, no total da UE os edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia e 36% das emissões de CO2, o que faz daqueles o maior consumidor de energia na Europa. Em Portugal, o consumo de energia atribuído aos edifícios é de 30%.
A automatização dos edifícios e, consequentemente, os BACS, assumem um papel essencial no aumento da eficiência energética, na redução das emissões de gases com efeito de estufa e na promoção de práticas de construção sustentáveis. Os BACS podem, por exemplo:
- Otimizar o funcionamento de vários sistemas dos edifícios, como os sistemas AVAC, de iluminação e outros;
- Ser configurados para se integrarem com fontes de energia renováveis, como painéis solares ou turbinas eólicas;
- Recolher e analisar dados ao longo do tempo, fornecendo informações sobre os padrões de utilização de energia e oportunidades de otimização;
- Contribuir para o cumprimento dos critérios das Certificações de edifícios sustentáveis, como o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED);
- Ajudar os edifícios a responder de forma dinâmica às flutuações de temperatura e a outros fatores relacionados com o clima, garantindo um funcionamento eficiente e minimizando o desperdício de energia.
Qual a diferença entre um BACS e um BMS (sistema de gestão de edifícios)?
Os sistemas de automatização e controlo de edifícios (BACS) e os sistemas de gestão de edifícios (BMS, de Building Management System), partilham o objetivo de melhorar a eficiência operacional e a sustentabilidade dos edifícios, mas podem apresentar algumas diferenças, dependendo das práticas empresariais locais ou de contextos industriais específicos.
Os BACS, como já vimos, colocam o foco no controlo automatizado e na otimização de vários sistemas dos edifícios. Apostam na integração perfeita de diferentes sistemas de controlo para garantir um funcionamento coordenado e eficiente do edifício.
Já o termo BMS tende a ter uma conotação mais ampla. Embora englobe as características de um BACS, o BMS pode ir além da automatização, incluindo funções de gestão estratégicas e diferenciadas, como o controlo da utilização do espaço, a monitorização da ocupação e outros aspetos que contribuem para a gestão global do edifício.
O Decreto-Lei que impõe os BACS nos edifícios
Publicado no Diário da República em dezembro de 2020, o Decreto-Lei n.º 101-D/2020 é a transposição para o nosso país da Diretiva (UE) 2018/844, relativa ao desempenho energético dos edifícios, e obriga à instalação de um sistema de automatização e controlo nos edifícios destinados a comércio e serviços, a partir de 31 de dezembro de 2025.
Uma vez que a gestão da energia é uma das alavancas mais importantes para reduzir o seu consumo, o principal objetivo desta legislação é controlar o consumo de energia e regular a conceção e renovação dos edifícios em conformidade. Recorde-se que a Diretiva Eficiência Energética estabelece que os Estados-Membros terão de assegurar coletivamente a redução do consumo de energia em 11,7 %, no mínimo, até 2030.
Aplicável tanto às estruturas em construção como às existentes, abrange os edifícios de comércio e serviços, tais como hotéis, escritórios e armazéns, equipados com sistema de climatização de potência nominal igual ou superior a 290 kW.
Entre outros aspetos, e no âmbito específico dos BACS, o Decreto-Lei exige o seguinte:
- Instalação de um sistema de automatização e controlo do edifício que cumpra, pelo menos, as normas de classe C, de acordo com a norma EN-ISO 52120-1/2022;
- Adoção de um sistema de controlo ‘sala a sala’;
- Controlo da manutenção através de um contrato específico, realizado por um técnico certificado;
- Documentação e conservação dos dados mensais por um período de cinco anos.
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A obrigatoriedade legal dos BACS e as plataformas inteligentes de gestão de manutenção
O Decreto-Lei em causa, que entrará em vigor no final de 2025, constitui simultaneamente uma oportunidade de reforço da sustentabilidade e um desafio com vários constrangimentos. Daí que seja crucial garantir que as operações de gestão dos edifícios estejam preparadas para acomodar a aplicação da legislação e a monitorização do seu cumprimento, e é aí que a implementação de uma plataforma inteligente de gestão de manutenção (IMMP) pode revelar-se a decisão mais acertada.
Uma IMMP melhora significativamente o desempenho de um sistema de automatização e controlo de edifícios, introduzindo funcionalidades inteligentes e automatização nos processos de manutenção e gestão. Para além disso, pode ser uma peça fundamental na garantia de conformidade com as normas regulamentares e as boas práticas, sobretudo através das seguintes capacidades:
Documentação
- Mantém um arquivo centralizado e de fácil acesso a todos os documentos relevantes, incluindo calendários de manutenção, relatórios de inspeção e especificações de equipamento;
- Automatiza a criação e o armazenamento de documentos relacionados com a conformidade para garantir que os registos necessários estão prontamente disponíveis para auditorias e inspeções.
Automatização das verificações de conformidade
- Implementa verificações e alertas automatizados de forma a garantir que os BACS cumpre de forma consistente os requisitos regulamentares.
- Configura o sistema para monitorizar e comunicar automaticamente os principais parâmetros de conformidade, tais como condições ambientais, protocolos de segurança e desempenho do sistema.
Programação de inspeções e auditorias
- Cria calendários automatizados de inspeções e auditorias de rotina para garantir que os BACS é regularmente avaliado quanto à conformidade.
- Gera ordens de trabalho e lembretes para tarefas de inspeção e acompanha a sua conclusão, demonstrando o cumprimento dos prazos.
Monitorização e relatórios em tempo real
- Inclui funcionalidades de monitorização em tempo real que permitem acompanhar e comunicar parâmetros críticos, tornando possível a rápida identificação de quaisquer desvios nos padrões de conformidade.
- Incorpora normas e legislação, assegurando que os processos operacionais estão de acordo com os requisitos específicos da área de atividade e do setor de negócio.
- Oferece painéis de controlo claros e intuitivos e gera relatórios que fornecem uma visão abrangente do desempenho dos BACS em relação a métricas específicas.
Registo de formação e certificação
- Gestão dos registos de formação e das certificações dos funcionários na própria plataforma, para garantir que o pessoal envolvido nas operações dos BACS recebe a formação e tem as certificações adequadas.
- Configura alertas para as próximas renovações de certificação e para novas exigências de formação, de forma a cumprir as normas de qualificação da mão-de-obra.
Gestão de incidentes e avaliação de riscos
- Estabelece um processo simplificado de gestão de incidentes que permite comunicar e investigar prontamente quaisquer falhas relacionadas com a conformidade.
- Documenta as medidas corretivas tomadas para resolver os incidentes e evitar a sua recorrência, sublinhado o empenho na melhoria contínua.
- Efetua avaliações de risco relacionadas com as operações dos BACS e identifica riscos potenciais.
Notificação e comunicação
- Configura notificações automáticas para alertar os técnicos adequados sobre quaisquer questões relacionadas com a conformidade ou prazos próximos.
- Oferece um espaço de partilha que facilita a comunicação entre todas as partes envolvidas, permitindo uma resposta coordenada às diferentes situações.
