A pandemia provocada pela COVID-19 trouxe inúmeros desafios à sociedade. Distanciamento social, recolhimento obrigatório, desinfecção contínua das mãos e superfícies fazem (temporariamente) parte do nosso quotidiano.

 

No contexto profissional, tudo o que se pensava mais demorado a ser adoptado, de repente passa a ser uma realidade, como é o caso do teletrabalho. De um momento para o outro, as organizações tiveram que se adaptar a esta nova realidade. As empresas que mais rapidamente o fizerem serão as vencedoras no contexto pós-COVID-19.

 

Mesmo com a vacina no horizonte, é importante relembrar que choques comportamentais, como o criado pela pandemia, deixam marcas permanentes. Os utilizadores dos edifícios tornaram-se mais exigentes.  Sejam hotéis, escritórios, restaurantes ou lojas, é importante criar as condições de segurança para que os espaços sejam utilizados novamente com confiança.

 

A importância da qualidade do ar

 

Um estudo recente da estação de televisão japonesa NHK, utilizando câmaras de alta definição e iluminação laser, mostrou que microgotículas expelidas por um espirro podem permanecer no ar até 20 minutos. Segundo os investigadores, estas partículas super-leves contêm carga viral e podem ser uma fonte de propagação de doenças porque se espalham muito facilmente pelo espaço.

 

A imagem seguinte mostra as microgotículas de um espirro (a vermelho), que se espalharam por todo o espaço após 10 minutos.

Gotículas Suspensas no Ar COVID-19

 

Imagem: NHK

 

Durante este estudo, os investigadores mostraram que a brisa resultante da abertura de uma janela foi suficiente para dispersar as microgotículas e tornar o ambiente seguro para os participantes. Isto mostra a necessidade crucial dos edifícios em ter um bom nível de ventilação.

 

Edifícios saudáveis é o novo standard

 

Embora a COVID-19 seja actualmente a principal preocupação dos gestores, o impacto da qualidade do ar na produtividade dos colaboradores não é negligenciável. 

 

Um estudo da Harvard Public Health  realizado em 2014 concluiu que a performance cognitiva de pessoas que estão em ambientes saudáveis (eg. níveis de CO2 e VOC baixos) é, em média, o dobro da de pessoas expostas a ambientes convencionais.

 

Outro estudo, publicado em 2015 no International Journal of Environmental Research and Public Health, mostrou que aumentar os níveis de ventilação para tornar um edifício saudável tem um custo de apenas 40 USD por pessoa por ano. Já o benefício económico de um ambiente mais saudável atinge 6 500 USD por pessoa por ano.

 

Ao longo da última década, vários estudos foram publicados por organizações de renome sobre esta temática, e chegam sempre à mesma conclusão: os edifícios saudáveis aumentam a produtividade de quem lá trabalha. Numa altura em que o trabalhador do conhecimento assume uma importância cada vez maior nas organizações, providenciar ambientes adequados para trabalhar, atrair e manter talento é imperativo para garantir a competitividade das empresas no longo prazo.

 

A responsabilidade das empresas

Todas as empresas vão ser pressionadas para garantir a segurança dos utilizadores dos seus espaços, quer sejam clientes ou trabalhadores. Os clientes vão dar preferência a espaços onde se sintam seguros. Os trabalhadores vão dar maior peso às condições de trabalho na procura de emprego.

 

Pressão nas empresas significa pressão também nos Facility Managers. Antes da pandemia, a ventilação e a climatização eram pontos menores. A sua falta de regulação poderia originar desconforto ou desperdício energético.

 

Mas a partir da pandemia, se houver problemas de saúde devido às condições do edifício, o FM torna-se responsável.

 

Como a tecnologia pode ajudar

 

O Internet of Things (IoT – Internet das Coisas) pode ser um apoio fundamental para os gestores de edifícios. Monitorizar a qualidade do ar, a utilização de salas de reunião ou necessidade de limpeza dos sanitários são alguns exemplos de soluções IoT que tornam os edifícios mais inteligentes e seguros.

 

Por exemplo, é possível medir o nível de CO2 para determinar se o nível de ventilação está adequado. Cada vez que alguém expira, liberta CO2 no ar. A medição de CO2 permite estimar se entra ar novo em quantidade suficiente. 

 

Um espaço bem ventilado deve ter cerca de 800 ppm (partículas por milhão). Um valor mais elevado significa que existe uma maior probabilidade de transmissão se alguém estiver infectado.

 

Com os sensores de CO2, adequar o número de renovações de ar por hora de um espaço torna-se mais simples com a informação em tempo real. O ajuste dos sistemas de ventilação pode ser feito dinamicamente, com base no número de pessoas presentes, o que ajuda também na poupança de energia. 

 

Felizmente para os FM, o avanço no IoT veio simplificar a monitorização dos edifícios, com sensores fáceis de instalar e económicos, permitindo operações mais simples, redução de custos e, claro está, aumentando a segurança dos seus utilizadores.

 

Saiba mais sobre como a Internet das Coisas tem ajudado no combate à pandemia.

 

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