O Brasil é o segundo país com mais pessoas com Burnout, com cerca de 30% de trabalhadores diagnosticados com a síndrome. Os dados, coletados pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), acendem um alerta para o alto índice de casos da doença ocupacional, que é reconhecida na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A condição também já é motivo de afastamentos e concessões de aposentadoria no Brasil, com respaldo do INSS e da Justiça. Mas, mesmo com dados tão alarmantes, a urgência em adotar políticas de prevenção e iniciativas voltadas ao cuidado com a saúde mental em contexto profissional podem passar despercebidas durante a gestão de empresas.
Mas, a partir de agora, as companhias terão que priorizar também a saúde mental dos seus funcionários. Isso porque a Norma Regulamentadora Nº 1 —NR-1, do Ministério do Trabalho e Emprego, sofreu uma atualização que estabelece novas diretrizes relacionadas à gestão de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. As medidas, em vigor a partir do dia 26 de maio de 2025, determinam que empresas brasileiras passem a monitorar e atuar sobre indicadores relacionados a estresse, burnout, assédio moral, sobrecarga emocional e outros fatores que comprometem a saúde mental dos colaboradores. Essa mudança vai exigir uma atuação preventiva por parte das organizações, garantindo assim a saúde ocupacional dos trabalhadores.
Inicialmente, a norma terá caráter educativo. Ou seja, durante 12 meses, as empresas poderão trabalhar em planos de ação e melhorias da gestão ocupacional. Após esse período, a fiscalização começa a valer, com a possibilidade de aplicação de sanções e multas para empresas que não estiverem em conformidade.
Diante destas mudanças, o planejamento é essencial para adequar a atuação da sua empresa a um novo cenário, que poderá beneficiar tanto os funcionários, quanto o funcionamento das organizações — afinal, empresas com funcionários felizes têm 31% menos rotatividade do que aquelas com equipes infelizes, de acordo com estudo da Universidade de Michigan. Quer saber como se preparar? Entenda mais sobre a NR-1 e como aplicar a norma no seu negócio.
O que diz a nova NR-1
A NR-1 é a norma que, desde 1978, determina as diretrizes gerais para a segurança e saúde no trabalho (SST) no Brasil. Com a sua última atualização, ela passa a incluir também os riscos psicossociais, como trabalhar com jornadas e metas excessivas, assédio moral, conflitos interpessoais e outros.
Assim, para garantir a segurança e a saúde no ambiente de trabalho, as empresas devem adotar medidas que permitem a identificação e o controle dos riscos envolvidos nas suas operações. O principal instrumento para este trabalho é o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), uma ferramenta para mapear e minimizar os riscos ocupacionais. O PGR também deve considerar as diretrizes estabelecidas por outras Normas Regulamentadoras, o que torna fundamental que as organizações estejam atualizadas e alinhadas com todas as exigências legais aplicáveis ao seu setor.
De forma resumida, as empresas passam a ter como responsabilidades:
- identificar e avaliar fatores que possam afetar a saúde mental dos trabalhadores;
- monitorar indicadores relacionados com carga de trabalho, para evitar excessos; relações interpessoais, para identificar possíveis constrangimentos e atitudes tóxicas; e reconhecimento profissional;
- elaborar planos de ação para diminuir os riscos;
- documentar ações no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Implicações para o setor de facilities
A gente aposta que, se você chegou até aqui neste texto, já está pensando em como essas mudanças terão impacto no seu setor. Acertamos? A gestão de facilities será uma das áreas com especial impacto com a atualização da NR-1, já que, muitas vezes, lida com demandas repetitivas, urgentes e com condições de trabalho que podem ser desgastantes. Por conta disso, a rotatividade é um problema que, em diversos casos, tem relação direta com o esgotamento mental da equipe.
Diante das novas exigências da NR-1, é preciso ter um posicionamento estratégico na liderança operacional da gestão de facilities. Alguns caminhos para isso passam pelo mapeamento dos riscos emocionais no dia a dia das operações. Com essas informações em mãos, é possível capacitar os gestores de facilities para identificar os sinais de burnout ou assédio e lidar com as situações em questão, revisando especialmente as práticas de liderança e comunicação interna. Com a determinação de indicadores de saúde mental, estes dados podem ser integrados aos relatórios e reuniões de desempenho.
Além disso, com o foco crescente no ESG (Environmental, Social and Governance — Ambiente, Social e Governança, em português), a gestão responsável passa a ser não só uma obrigação legal, mas também um diferencial competitivo no mercado.
Como se preparar para as mudanças
À primeira vista, a atualização da NR-1 soa como um desafio. Mas é importante compreender que ela oferece uma oportunidade para que as empresas melhorem a gestão operacional, criando um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. Essas mudanças podem contribuir para a diminuição da rotatividade e, também, com a melhoria do engajamento das equipes no dia a dia de trabalho, temas que são sensíveis na gestão de facilities.
Por isso, se preparar é essencial. Veja a seguir algumas ações que podem ser implementadas na gestão da sua empresa:
- faça auditorias internas com apoio de especialistas em saúde ocupacional;
- crie canais de escuta ativa para os colaboradores;
- invista em tecnologias de gestão de operações, que ajudam a equilibrar a carga de trabalho e tornar processos mais eficientes;
- implemente indicadores de clima organizacional e saúde emocional.
A tecnologia pode te ajudar
Soluções tecnológicas como a Infraspeak oferecem funcionalidades que podem apoiar a conformidade com a NR-1. Ao centralizar chamados de manutenção, monitorar fluxos operacionais, distribuir tarefas de forma equilibrada e criar processos que facilitam a previsibilidade — diminuindo assim as emergências operacionais, a plataforma contribui para uma gestão de tarefas que evita a sobrecarga e horas extras desnecessárias. Isto contribui para um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal, tornando a vivência dos colaboradores mais harmônica em ambos ambientes.
Além disso, o rastreamento de incidentes e não conformidades pela plataforma facilita ações corretivas, diminuindo o estresse das operações diárias. No fim, os trabalhadores se veem em um ambiente de trabalho com processos claros, permitindo uma comunicação transparente entre equipes.
Leia também: Guia para o software de gestão de facilities
Aliada a políticas de RH e a um acompanhamento humano das demandas dos funcionários, a tecnologia se torna uma importante aliada na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
O bem-estar como pilar estratégico
A atualização da NR-1 toca em um tema que há algum tempo é o elefante branco nas salas de operações: a saúde mental dos colaboradores. A partir de agora, a qualidade das relações laborais terá a devida importância. Na gestão de facilities, onde o dinamismo das operações e o contato direto com múltiplos stakeholders exigem equilíbrio emocional e resiliência, se preparar para esta nova realidade é uma responsabilidade que não pode mais ser adiada.
Mais do que cumprir uma norma, investir na saúde mental é cuidar das pessoas que fazem a roda girar. Com funcionários satisfeitos e mais motivados, o resultado é uma maior produtividade, mais qualidade nos serviços prestados e, ainda, a permanência dos talentos na empresa. Nessa equação, todo mundo sai ganhando.