Nos últimos anos, a tecnologia inteligente (ou Smart) passou do conceito para a realidade. As cidades inteligentes já estão a caminho e a maioria dos sistemas está a tornar-se mais acessível, intuitiva e cada vez mais abrangente quando se trata de enfrentar os problemas das populações locais. Com uma estimativa de mercado que projeta duplicar de 81 biliões para 151 biliões de dólares em todo o mundo — de acordo com o Guia Semestral dos Gastos nas Cidades Smart da International Data Corporaton — verifica-se que as grandes capitais mundiais, além das pequenas e médias cidades, confiam na tecnologia inteligente para melhorar a vida dos seus cidadãos, melhorar as suas redes de infraestruturas e reduzir custos. Contudo, naturalmente, o desenvolvimento tem um preço e, em casos como o do setor público, a abordagem à implementação de tecnologia inteligente precisa de ser, ela mesma, inteligente.

Um setor público smart pode obviamente trazer enormes vantagens para as populações locais. A burocracia ainda é um grande obstáculo para muitos países ou governos locais e a acessibilidade digital ainda não alcançou muitos serviços públicos, tais como a saúde, educação, segurança social, ou até mesmo as eleições.

Ainda que possa soar contraintuitivo, se considerarmos o número de pessoas que são atendidas pelo setor público, é perfeitamente natural que não evolua em conformidade.

Ser inteligente ao optar pela tecnologia inteligente.

Para abordar objetivamente este problema, o setor público tem de ser inteligente na forma como implementa as suas tecnologias e políticas smart. Embora o setor privado seja capaz de se concentrar inteiramente na usabilidade, os governos (em especial, os mais pequenos) devem considerar o efeito que determinadas políticas de desenvolvimento científico ou tecnológico têm, não apenas nas suas populações, mas também nos seus orçamentos. Isto, no entanto, não deve ser considerado uma situação de vida ou de morte para aquelas cidades que não têm os fundos necessários para implementar mudanças em pleno. Ao contrário do que o hype sugere, as cidades inteligente não são absolutas e a tecnologia pode ser gradualmente implementada dentro de sistemas e comunidades locais, ou micro.

A tecnologia Smart não é o futuro – Já cá está.

Tão perto como no Reino Unido, várias cidades já estão a içar a bandeira da tecnologia inteligente com avanços, problemas e indústrias relevantes, como dados e informação, energia, congestionamento de tráfego, poluição e sustentabilidade ambiental, gestão de instalações e até smart living.

Muitos destes avanços podem parecer “invisíveis” aos olhos de quem gera o hype relativamente às cidades do futuro, mas cidades reais, no presente, como Glasgow (uma das mais avançadas cidades inteligentes do mundo), já investiram milhões em projetos que visam a reduzir o consumo público de energia e os custos associados, focando-se na sustentabilidade e, por sua vez, na melhoria das condições de vida dos seus cidadãos.

Outro bom exemplo de como a tecnologia inteligente pode, simultaneamente, reduzir custos enquanto aumenta drasticamente a qualidade de vida nas pequenas e médias cidades é a mobilidade urbana. Com redes de transportes públicos fortemente subsidiadas, ter transportes inteligentes em cidades com pouca procura pode libertar grandes dotações do orçamento público e trazer uma qualidade de transporte somente equivalente ao das grandes cidades – aumentando também a qualidade do ar – para pequenas populações que são sistematicamente esquecidas no que toca ao avanço tecnológico.

Políticas Smart, Cidades Smart e forma de viver Smart.

No final de contas, optar pela tecnologia smart requer que os governos e as câmaras municipais sejam inteligentes na sua abordagem. A implementação deve ser gradual, moderada e focada no rácio entre a diminuição dos custos e o aumento de qualidade de vida dos seus cidadãos. Com prioridades bem claras e as políticas adequadas, o governo pode usar a implementação da tecnologia inteligente para orientar e redirecionar o investimento público, libertar fundos adicionais para mais tecnologia e fornecer aos seus cidadãos e funcionários públicos recursos smart e que permitirão melhorar as suas vidas.