Quando falamos do ambiente das operações técnicas e da manutenção, o mais comum é vermos homens a representar esses papéis (se pesquisar no Google terá uma boa ideia disto). Técnicos, engenheiros, gestores, diretores e outros tantos títulos masculinos repetem-se nas equipas.
Mas não é de hoje que as gestoras e engenheiras abrem espaço nestas áreas. Aproveitando a ocasião do Dia Internacional da Mulher, a Infraspeak resgata a origem histórica da data, de valorização das conquistas das trabalhadoras, e traz a voz feminina das operações técnicas.
Conversamos com algumas das nossas clientes mulheres para saber como é o dia a dia delas na Gestão das Operações Técnicas. E de antemão avisamos: nem tudo são flores ou manicure impecável. É um trabalho árduo, mas com muito orgulho do que fazem!
Dupla exigência
A Engenheira Raquel Ribeiro é Diretora de Negócio na Opertec, onde trabalha há 9 anos. Gere uma equipa inteiramente de homens, à exceção da Margarida no departamento comercial. Quando a Raquel entrou na empresa, ainda como estagiária, atuava junto com os técnicos a aplicar seus anos de aprendizado na escola de Engenharia Civil. Desde a licenciatura, sempre sentiu-se num universo muito masculino, e reconhece que a área da Assistência Técnica é dominada por homens. Mas ela não sente isso no dia a dia da empresa. “Dentro da Opertec eu não sinto diferença por ser mulher. Todos os que entraram aqui foram depois de mim, já tiveram essa presença feminina de partida. A empresa cresceu e evoluiu assim, para toda a gente é um bocadinho natural. Talvez seria diferente se eu entrasse hoje”.
O ponto mais desafiador da carreira da Raquel, enquanto mulher na assistência técnica, deu-se quando foi Mãe. Há oito meses, quando nasceu a sua filha, ela viu as suas prioridades mudarem. Trabalho em casa? Só depois que a miúda dorme: “quando estou em casa com a minha filha quero me dedicar inteiramente a ela”. Dividir-se entre a filha e o cargo de direção é exigente, mas com flexibilidade e dedicação a Raquel consegue gerir a rotina sem prejuízo para nenhum dos lados. Um talento extraordinário que só as mães parecem desenvolver.
Domínio feminino
Por falar em talento e gestão de prioridades, as meninas da Unilabs são mestres no assunto. Sob a supervisão da Diretora de Infraestruturas Nazaré Rodrigues, foram os homens da manutenção que tiveram que se adaptar ao estilo feminino de gerir a rede de laboratórios. Do atendimento às áreas técnicas, a maioria dos colaboradores da Unilabs é feminina.
A coordenadora Manuela Torres e mais cinco colegas dividem-se a fazer a gestão de qualidade e de pessoal das unidades de colheita. Cada uma têm sob sua a responsabilidade entre 60 e 70 postos, o que representam cerca de 80 funcionários. Diariamente elas visitam as unidades para garantir a qualidade do serviço da Unilabs, em deslocações que passam das centenas de quilômetros.
Manuela trabalha no laboratório há 25 anos. Teve seus dois filhos quando ainda era uma empresa familiar. Ela diz que antes tinha ainda mais trabalho, que a sua rotina era das 8 às 20h, mas que escolheu pra si o “luxo” de contratar alguém para ficar em casa e ajudar os miúdos, enquanto podia pelo menos almoçar com eles todos os dias. São escolhas enquanto mãe que todas as mulheres trabalhadoras fazem. Foi parecido com as demais 04 coordenadoras que também têm filhos. A divisão entre casa e trabalho é complicada, mas com uma boa organização e sem sobrecarga de trabalho elas têm conseguido resolver bem.
Ela acompanhou de perto a transição da Unilabs de uma empresa familiar com 170 colaboradores para um grande grupo laboratorial com 2.000 trabalhadores. Mudança que não impactou no papel das pessoas enquanto componentes vitais de uma cultura empresarial empática, que preza pelo diálogo e a partilha de experiências. Ela diz que não é por ser mulher que as coisas são feitas assim, mas vê que existe uma maior empatia para tratar de determinados assuntos, um jeito mais sutil de falar sobre críticas com os colaboradores, e um ambiente agradável que deixa as demais colegas mulheres à vontade. O resultado desta prática empresarial de anos? A massiva presença de mulheres em cargos de coordenação. Não é à toa.
Para Manuela, as mulheres dão outro ritmo ao trabalho. Fazem as coisas mais rápido e agregam melhor as equipas. Depois com o trabalho integrado, não há diferença de género: “É o que precisamos para que o trabalho resulte bem. O género aqui não toma muita importância quando se trabalha em equipa”. Uma das práticas que elas adotam é a das reuniões periódicas para partilha das experiências de outras equipas e avaliação de situações. Assim, encontram juntas as soluções para problemas em comum. Como diz a Manuela, “é muito trabalho, mas nem se percebe”, pois sobra competência nesta equipa de mulheres fortes que são a cara da Unilabs.
Busca pelo equilíbrio
Todos os dias as Manuelas e Raquéis lidam com os desafios das Operações Técnicas. E também com os desafios de ser mulher. Todos os dias enfrentam o mundo de cabeça erguida, confiantes das suas habilidades e da competência do seu trabalho, dentro e fora de casa. Todos os dias elas têm em mente que fazem o melhor que podem para equilibrar esses mundos, o que não é nada fácil, mas é recompensador.
Ainda somos poucas, mas de presença notável. À Raquel, Manuela, Nazaré, Maria Cristina, Paula, Maria Rita, Mafalda, Maria Luís, Marta, Tatiane, Elisa, Susana, Cristina, Joana, Alexandra, Catarina, Angelina, Rita, Sara, Anabel, Teresa, Dina, Cristiana, Lurdes, Sandra, Diana, Elisabete, Sofia, Matilde, Ester, Maria do Céu, Manuela, Cátia, Nazaré, Elsa, Fabiana, Ana, Filipa, Andrea, Mirella, Lígia, Élia, Rosário, Natália, Fernanda, Margarida e Ana Paula. O nosso muito obrigada. Como representante na Infraspeak do género feminino, eu agradeço imenso o trabalho de vocês para tornar o mundo das operações técnicas mais igual.