Estivemos à conversa com Maria José Babo, Operations & Maintenance Manager no Instituto Superior de Engenharia do Porto, sobre as particularidades de trabalhar em FM e Manutenção numa empresa pública.

Conheça os temas em destaque neste artigo.
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Como é ser um profissional de FM e à Manutenção vinculado ao público? 

O Setor público tem particularidades e requisitos que o tornam normalmente mais burocrático. Enquanto no “privado” somos responsáveis pela garantia de resultados técnicos e financeiros, no “público” somos ainda responsáveis pela garantia de transparência e da livre concorrência.

Há sempre mais envolvidos nos processos pelo que se tornam naturalmente menos ágeis. E isto aplica-se quer à contratação de recursos humanos, quer de materiais, equipamentos e serviços

E em que medida é que a digitalização está a ajudar e vai ajudar mais no futuro?

Dou um exemplo: um concurso público para aquisição de equipamentos.
Neste momento o processo já é totalmente digitalizado, desde o seu lançamento através de plataformas digitais, a sua publicitação, em que o concorrente recebe alertas, a submissão das propostas, os resultados, a adjudicação, as assinaturas digitais, todo o processo corre digitalmente até a assinatura do contrato.

Primeiro, a instabilidade trazida pela pandemia e  agora uma guerra na Europa.
Que novos desafios lhe foram impostos pelo atual contexto económico social ?

De facto, os últimos dois, quase três anos, colocaram-nos desafios maiores no que concerne à gestão das operações. Desde logo, e por causa da pandemia, foi necessário ajustar internamente todas as operações: limpeza e higienização, alteração dos espaços, da sua ocupação e de circulação nos mesmos.

Paralelamente, a dificuldade na obtenção de matérias primas, devida à pandemia e agora acentuada pela guerra, provocou uma escassez de materiais e uma subida significativa e generalizada nos preços.
Além disso, julgo que se agudizou o que já vinha a ser sentido após a recuperação da crise 2008/2018, que foi sobretudo a insuficiência de mão de obra especializada.

Que processos de gestão segue para conseguir cativar e manter as equipas?

Neste momento, em virtude do aumento da demanda de mão de obra, verifica-se que os profissionais mudam muito rapidamente de empresa.

As pessoas são livres e a rotatividade é boa, pois aumenta a partilha e aquisição de novos conhecimentos e experiências.

Contudo, a retenção do conhecimento também é fundamental para o crescimento de uma organização. O conhecimento tem que ser adaptado a cada empresa e a cada contexto, por isso as organizações levam o seu tempo a incorporá-lo e levam o seu tempo até que sejam produzidos os efeitos positivos desejados. Então como gerir estes dois aspetos, em certa medida antagónicos?

Diria que o importante é reter, não exatamente as pessoas, mas sim o conhecimento. De outra forma, cada vez que alguém sai ou entra na empresa, volta-se, de certa forma “à estaca zero”, com um impacto enorme na tão necessária produtividade.

Se isto é importante em qualquer atividade, não o é menos na operação e gestão da manutenção.

Passando à parte operacional, é responsável pela gestão de 17 edifícios, muito diferentes entre eles. Quais os principais desafios associados a um edificado tão vasto? 

Uma das dificuldades é precisamente a diferente tecnologia instalada e a antiguidade de algumas instalações, contudo, nas áreas que sou responsável, temos um plano de manutenção dedicado a cada equipamento, de acordo com a sua tipologia e utilização. Uma vez que são edifícios escolares e administrativos, a sua operação não é constante ao longo de todo o ano, então vamos fazendo ajustes em virtude disso mesmo.

Temos colaboradores internos e externos, e um próximo passo na nossa melhoria contínua é poder integrar a utilização do software interno de que dispomos e o software utilizado pelas empresas contratadas.

Daqui podemos tirar indicadores que utilizamos para medir e melhorar os processos.

Como trabalham a questão da sustentabilidade? E quais os próximos passos a seguir? 

Nos  últimos anos têm sido desenvolvidas várias atividades nesse sentido.

Desde a gestão de resíduos, à substituição de luminárias convencionais para luminárias de tecnologia LED, a modernização de equipamentos e monitorização de consumos de água e energia, de forma a poder corrigir ou alterar operações no sentido da redução dos consumos.

Estamos também atentos às oportunidades que se colocam no sentido de implementar projetos de gestão técnica que nos permitam tornar ainda mais eficiente a gestão dos recursos.


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Estas conversas  são oferecidas pela Comunidade IFM, uma rede mundial de profissionais e entusiastas das áreas da Manutenção e Facility management.

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Até breve!