Olá Pedro! Trabalhas na equipa de Marketing da Infraspeak há mais de dois anos. Conta-nos um pouco do que foi o teu percurso até agora.

 

O meu percurso até agora é uma mixórdia de temáticas. 

 

Faço parte da equipa de marketing, mas sou licenciado em Biologia e tenho um mestrado em Genética Forense. Num universo alternativo em que não me candidatei a uma vaga na Infraspeak, estou agora meio deprimido, o cabelo com entradas maiores do que as do Convento de Mafra, a meio de uma tese de doutoramento sobre modelos matemáticos em testes de parentesco incestuoso, com amostras de DNA degradadas (isto é a sério).

 

Fui parar à biologia quase aleatoriamente, muito por ainda não saber o que queria na altura, e aquilo de que mais gostei nos 3 anos de curso foi o tempo que passei com outros projetos.

 

Nessa altura, juntei-me a um amigo na criação de um blog de entretenimento e humor, que juntou dezenas de milhares de seguidores e 13 milhões de pageviews num ano. Foi essa aventura que me despertou o gosto pela área do conteúdo e do marketing, e foi aí que comecei a desenvolver várias competências que hoje uso diariamente, desde copywriting e SEO até à criação de trocadilhos absolutamente horríveis e inoportunos.

 

Entretanto, ainda achei que a Genética Forense é que era a cena para mim. Fiz o mestrado (com nota máxima!), mas depois percebi que não era nada daquilo que queria para a minha vida. Se continuava a ouvir falar em análises de DNA, o meu era o próximo a ser analisado pela PJ.

 

Por isso, decidi tentar seguir uma carreira naquilo que tinha gostado realmente de fazer até então… et voilà! Pouco tempo depois, estava eu a aparecer na caixa de entrada do email do Duarte (Duarte Silva, Chief of Staff). 

 

Já depois de estar na Infraspeak, fiz ainda parte da equipa de comunicação, como voluntário, da Associação Animais de Rua durante vários meses, que é algo de que me orgulho bastante.

 

Antes da Infraspeak dedicaste-te a um projecto de humor e agora trabalhas em content management. Como foi adaptares-te a facility management e manutenção com esse background?

 

A adaptação foi relativamente simples. Nunca tinha escrito sobre manutenção, tal como nunca tinha escrito sobre qualquer outra coisa, até escrever. Um bom criador de conteúdo tem de ser capaz de se adaptar a diferentes temas, posicionamentos, tons de voz e públicos-alvo. Basta estudar, ser criativo e ter consistência. Não vim para a Infraspeak por ser um expert em manutenção; vim por ser um bom criador de conteúdo.

 

Mas a forma como construíste a pergunta demonstra bem a distância enorme que, aparentemente, existe entre o facility management ou a manutenção, e o humor.

 

Digo “aparentemente” porque, na verdade, não é bem assim. Acredito que é quase sempre possível (e boa ideia!) fazer marketing e conteúdo com humor, mesmo na comunicação B2B – atrás de qualquer empresa está alguém que também gosta de ser entretido e de se rever numa piada ou numa história divertida relacionada com o seu trabalho.

 

Em indústrias com tendência para conteúdo mais técnico e mensagens aborrecidas (não vou dizer que é nosso caso, mas é, completamente), o humor pode muito bem ser o elemento diferenciador que te permite captar atenção no meio da concorrência, ou até servir para estabelecer autoridade no tema logo à partida, pelo à-vontade com que falas sobre ele.

 

No meu caso, acho que não só me adaptei ao facility management depois do humor, como fui conseguindo moldar o tom de voz da Infraspeak através dele, o que considero muito positivo.

 

Trabalhas em SEO, o que, em termos práticos, até podia ser uma palavra inventada que ninguém dava conta. Esta é a tua oportunidade! Conta-nos em poucas palavras o que fazes na Infraspeak (não vale inventar palavras).

 

Antes de mais, quero dizer que já ouvi várias pessoas a trocar “SEO” por “CEO” e acho sempre incrível pensar que faço a gestão do CEO da Infraspeak e que tenho conseguido, aos poucos, melhorá-lo. Não tens de quê, Felipe (Felipe Ávila da Costa, CEO).

 

Resumidamente, o meu trabalho a nível de SEO é aumentar o volume e a qualidade do tráfego dos nossos websites, fazendo o que estiver ao meu alcance para nos colocar nos resultados orgânicos dos motores de busca, para pesquisas relevantes. Este posicionamento orgânico, com a conversão do tráfego que daí vem, permite baixar o custo médio por lead e pode até ser a principal fonte de geração de inbound leads, a longo prazo.

 

Para que isto seja possível, é absolutamente crítico criar conteúdo de qualidade, que satisfaça o search intent (o motivo pelo qual uma pesquisa é feita), e que esteja otimizado tendo em conta as guidelines da Google, tanto a nível de conteúdo como a nível técnico. Ao mesmo tempo, é preciso assegurar que o conteúdo está alinhado com a marca e objetivos da empresa, para que seja possível criar oportunidades de conversão deste tráfego. Este equilíbrio só se consegue com uma estratégia de conteúdo sólida e muita pesquisa sobre os interesses e pain-points do nosso mercado, sobre a indústria e sobre a concorrência.

 

Para além do SEO em si, também sou responsável pelo planeamento, produção, revisão e gestão do conteúdo da Infraspeak em geral, entre outras coisas. Também faço Product Marketing, tapo buracos em vários pontos e, às vezes, usam-me como uma espécie de Google Translate, só que em carne e osso e com capacidade para chorar de desgosto.

 

E como vês a importância de uma estratégia de marketing de conteúdo sólida, para os objectivos da empresa?

 

Uma estratégia de conteúdo só funciona se for centrada no cliente e nos problemas dele. Se só falas de ti, estás a perder terreno para quem está a resolver problemas. A partir do momento em que ofereces conteúdo que resolve problemas, que informa, que entretém, ou que serve algum propósito útil para quem o consome, estás a oferecer valor logo à partida, a demonstrar autoridade no tema e a criar uma relação de confiança com o consumidor. Isto aumenta a probabilidade de o converter num cliente e contribui muito para posicionar a marca enquanto referência no setor. 

 

O Marketing de Conteúdo na Infraspeak tem de ser sempre no sentido de perceber e satisfazer as necessidades do nosso público e dos nossos clientes. Perceber cada vez melhor qual o tipo de conteúdo que os profissionais de manutenção querem, aprimorar a estratégia de acordo com isso e trabalhar para lhes dar essas soluções. E, claro, é preciso ser eficaz na distribuição do conteúdo, porque nem tudo vai para todos os canais. Um dos erros mais frequentes no Content Marketing (e do qual eu próprio sou, às vezes, culpado) é gastar tempo, esforço e dinheiro na criação de conteúdo incrível e depois não saber como o distribuir em condições.

 

Trabalho remoto é uma realidade frequente na Infraspeak, em grande parte porque Customer Success não pára de passar Carl Cox aos berros. Agora, devido à COVID-19, essa realidade veio para ficar. Como foi a adaptação?

 

De uma forma geral, foi fácil habituar-me ao trabalho 100% remoto, porque já o ia fazendo com alguma regularidade. Tenho sido produtivo e acho que tenho beneficiado bastante da comunicação maioritariamente assíncrona. Sou um gajo que precisa de pensar antes de falar e, se não tiver tempo de o fazer, contribuo menos ou com menos qualidade (que é outra forma de dizer que não digo nada que se aproveite).

 

Acho que, para o mundo em geral, o pior aspecto do trabalho remoto é a dificuldade em separar o trabalho da vida pessoal, porque, de repente, está tudo misturado. Já para mim, são as repercussões físicas da má postura. Não tenho uma cadeira decente em casa, nem material de escritório como um segundo monitor mais elevado, por exemplo. Quando dou por mim, estou a trabalhar com a cabeça ao nível do peito, o que, aliado ao facto de a minha coluna vertebral ser feita de macarrão, cria as condições perfeitas para eu andar tão torto que pareço três crianças empilhadas dentro de uma gabardina.

 

De resto, tenho uns vizinhos que metem música alta a qualquer hora e não param de martelar, por alguma razão, o que acaba por simular o ambiente no escritório, ao lado da equipa de Customer Success. Confesso que sinto falta de não conseguir escrever um texto por ter a parede atrás de mim a bater-me nas costas de forma ritmada, como se eu estivesse no meio de um mosh pit no Tomorrowland

 

É uma espécie de terapia, só que em horrível.

 

E de que sentes mais falta?

 

Diria que as coisas de que sinto mais falta são o conforto e as condições de trabalho no escritório, além das longas discussões sobre temas ridículos que a equipa de growth gosta de ter enquanto devia estar a trabalhar.

 

Por último, a Infraspeak já abriu portas ao novo escritório e a Sofia Matos (Head of People & Culture) deu-te orçamento ilimitado para escolheres três coisas que vão estar permanente no nosso espaço de trabalho. Quais são elas?

 

Tendo em conta o que disse antes, a primeira coisa era massagista ou fisioterapeuta full-time. A segunda, era uma daquelas máquinas que lançam bolas de ping-pong, para substituir o Francisco (Francisco Sousa, Brand Marketing Executive) quando ele não está. Para ser realista, tem de ser daquelas com vários níveis de dificuldade, para escolher sempre o mínimo. 

 

Por último, era um mural do Vhils com a minha cara, para relembrar diariamente a Sofia que tem de escolher melhor a quem dá este tipo de liberdades.

 

O Pedro Machado é Content Manager e o convidado desta semana do Inside Infraspeak. Obrigado, Pedro!