Olá Lili! Antes de te juntares à Infraspeak, já trabalhavas no edifício da Founders Founders. Conta-nos um pouco do teu background e do que fazias e como foi vires trabalhar em branding.

 

Sempre fui a menina de Ciências Sociais e Humanas. Gostava imenso de história… O problema é que não gostava de nenhuma das saídas possíveis. Eu queria ser enfermeira! Ainda tentei estudar um pouco para isso mas uma professora minha recomendou-me que fosse para comunicação e embora nunca tivesse pensado nisso, acabei por tirar jornalismo. 

 

Como não sabia bem ao que ia, tirei um curso que fosse abrangente o suficiente para incluir outras áreas de comunicação. Pensei inclusive em tirar algo relacionado com a organização de eventos, mas acabei por me apaixonar por jornalismo em si. Assim que comecei a trabalhar, perdi um pouco dessa magia e como na altura me comecei a cruzar com o mundo das startups, dei por mim até às tantas a pensar em como entrar em mercados, como fazer barulho com as ideias novas…, adorei!

 

Gostei tanto que acabei por tirar um mestrado em gestão para perceber melhor o mundo empresarial e para depois me especializar em marketing. Acabei a dizer muito mal da minha vida graças às cadeiras de matemática e finanças.

 

Depois do mestrado e de um estágio na Alemanha, voltei para o Porto onde primeiro trabalhei em gestão de produto na área de turismo e depois surgiu a oportunidade de ingressar na Codavel (que já estava na Founders Founders). Passei dois anos a trabalhar em marketing e comunicação e a aprender o contacto com o cliente, relações públicas, organização de eventos e comunicação com vários tipos de stakeholders. Aprendi que gosto de perceber como o produto e a empresa podem fazer a diferença na vida das pessoas, e para isso temos que falar com elas. A partir daí, tudo fez sentido e hoje tenho a certeza que o que quero fazer é trabalhar para tecnológicas.

 

 

Para quem não sabe, costumas trazer o cão mais anti-social do mundo para o escritório, mesmo que passes o dia a comunicar com várias pessoas. É algo que gostes de fazer? Quais são os principais desafios e que potencial é que vês numa iniciativa de public relations bem feita?

 

Estar constantemente ao telefone é espectacular e adoro o gozo que me dão por isso no departamento de Marketing. Gosto muito de conhecer pessoas, perceber o impacto que estamos a ter e como os nossos clientes usam a Infraspeak. Os nossos case studies obrigaram-me a passar tempo com clientes e isso foi uma óptima experiência que me permitiu perceber como as pessoas nos veem.

 

Claro que estar sempre a receber inputs faz com que muitas vezes tenha que parar para os processar e isso é um dos principais desafios. Estou constantemente a receber feedback e tento sempre filtrar alguma dessa informação. Por exemplo, para os eventos, tento sempre perceber quais as melhores formas de tirar o maior proveito e de como chegar lá e fazer o “tchanam” da Infraspeak sem exceder o orçamento. Muitas vezes é preciso procurar as pessoas certas para receber o feedback certo, dependendo da situação. 

 

Quanto a public relations, acho que pessoas pensam que acaba na comunicação social mas PR vai muito mais além. O objectivo passa essencialmente por criar o reconhecimento que a Infraspeak é um player importante no mercado e fazer organicamente a associação entre gestão de manutenção e empresa ou a empresa e os seus fundadores… Penso que o objectivo principal para public relations é trabalhar para criar uma reputação que seja transversal a todas as indústrias e segmentos em que estamos e que as pessoas se lembrem de nós. Idealmente, que o PR seja feito por quem já nos conhece e que a empresa consiga sempre mostrar o seu crescimento e impacto ao mundo. 

 

Recentemente estiveste envolvida em projectos paralelos à plataforma da infraspeak como a Place Checkup ou o Movimento #tech4COVID. Quais foram as principais aprendizagens que obtiveste depois de trabalhar num grupo tão diversificado de voluntários e estar estar constantemente em contacto com um número enorme de pessoas?

 

Mesmo sem estar na Infraspeak há muito tempo, estar envolvida em vários projectos trouxe-me imenso valor. Tanto quanto pessoa como profissional. Estar em contacto com tanta gente, com tantas visões distintas e com tanto input, fez-me ganhar uma grande noção de missão.

 

Quando conseguimos ter uma equipa que está perfeitamente consciente do impacto que o produto e a empresa tem na vida das pessoas, que acredita nisso e que está unida em torno desse objectivo, tudo é possível. Quer sejam 2 pessoas ou 5000. Quando “voltei” para a Infraspeak, voltei um pouco com a sensação que basta estarmos alinhados para conseguir alcançar objectivos e penso que isso trouxe coisas boas para a equipa.

 

Às vezes acho que falta às equipas a capacidade de conversar e alinhar ideias e isso é mais do que lançar a campanha ou o projecto. Isso é só trabalho. É preciso perceber a forma como esse projecto vai ter impacto nas pessoas a que chega e a nossa missão é essa. Mais do que números, o objectivo é ter impacto. Por vezes marketizar muito as coisas é tirar-lhes o propósito. 

 

Se há algo que o Movimento #tech4COVID me ensinou foi que quando toda a gente está ligada por um objectivo comum as coisas acontecem e isso pode ser possível no dia a dia das empresas.

 

 

És uma auto-intitulada “nature lover on sunny days” e estás constantemente a fazer alguma coisa. Seja boxe ou ballet. Essa vontade tem algum paralelismo com o teu dia a dia no trabalho. Como é que isso aconteceu?

 

Admito que sempre fui um bocadinho workaholic. Tenho muito vontade de construir carreira, de desenvolvimento pessoal e de me sentir a evoluir. Não gosto de deixar passar oportunidades e quando elas surgem, eu aproveito-as. No entanto, a vida não pode ser só trabalho e por isso criei alguns mecanismos que me impedem de estar sempre a trabalhar. 

 

Sempre gostei muito de desporto, de natureza (só ao sol!) e gosto muito do boost competitivo que actividades como o boxe me trazem. Muito mais que “só” um treino de ginásio. Dito isso, ainda assim sentia falta de uma paixão. Algo que me “transformasse” noutra pessoa enquanto o estivesse a fazer por isso experimentei várias coisas, desde o surf à escalada, mas não era bem isso que estava à procura. Um dia, abri um site e vi “ballet para adultos”. Disse para mim mesma que estava louca, mas aquilo fez sentido e quando as coisas fazem sentido… Depois da primeira aula adorei e foi muito estranho para mim dizer a mim mesmo que gostava de ballet. 

 

Agora dou por mim a fazer galas de Natal!

 

Por último, a pergunta da praxe sobre trabalho remoto. Como te adaptaste e como foi ter que lidar com o cancelamento de muitos dos eventos que tínhamos planeados para este ano.

 

A verdade é que trabalho remoto não foi nada difícil. Já tinha trabalhado a partir de Lisboa para uma empresa do Porto e quando estava na Alemanha trabalhava para uma empresa em Portugal por isso trabalhar remotamente, mesmo em full remote, não é de todo uma novidade para mim.

 

Sinto falta da troca de ideias em pessoas, de ter as pessoas ao pé de mim, do contato mais humano entre os membros da equipa mas na Infraspeak é extremamente fácil e é quase como se o toque no ombro do colega do lado fosse substituído por uma chamada no workplace. Damo-nos todos muito bem com o trabalho remoto e tem sido extremamente fácil. 

 

Em termos práticos a minha vida também não mudou muito mas tive muita pena que a nossa estratégia de eventos de 2020 tivesse ido por água abaixo. Gosto muito de eventos, da “roadtrip” com a equipa e do feedback que recebemos. No entanto, conseguimos dar a volta num mês. Não fizemos eventos mas criamos novas iniciativas que de certa forma, substituiram o que tínhamos planeado. Claro que o COVID-19 não ajudou mas foi muito gratificante saber que trabalho com uma equipa que consegue por projetos novos no ar rapidamente e levá-los a bom porto.


Acho que quando tudo isto tiver ultrapassado vamos ver abordagens diferentes a eventos. Primeiro porque são caros e depois porque o COVID-19 mudou a forma como as pessoas se relacionam presencialmente. O contacto entre as pessoas e os próprios eventos continuarão a ser muito importantes para a Infraspeak mas acho que tudo vai mudar um bocadinho e que vamos complementar o que fazemos com de formas diferentes.

 

Liliana Pinho é Branding Executive e a convidada do Inside Infraspeak desta semana. Obrigado Lili!