O protagonista das IFM Talks de agosto é Hugo Rodrigues, Facility Manager na Siemens há 18 anos, entusiasta da profissão e membro da Comunidade IFM.

Neste post partilhamos os assuntos em destaque. Para ouvir ou ver a conversa completa, aceda ao canal das IFM Talks no Spotify ou ao vídeo no Youtube.
Estas conversas  são oferecidas pela Comunidade IFM, uma rede mundial de profissionais e entusiastas das áreas da Manutenção e Facility management.

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Há uma frase curiosa num dos teus artigos. Dizias que o Facility Management é “uma área ainda desvalorizada dentro de muitas organizações”. O que te leva a dizer isto?

O FM na sua definição integra em si pessoas, espaços e processos, dentro do ambiente construído, logo aí é fácil perceber que o FM deve ser uma peça chave dentro das organizações.
Apesar de assistirmos a muitos avanços, ainda se olha para o FM num contexto mais operacional e esta ideia deve ser desconstruída.
O FM tem vindo a conquistar o seu lugar enquanto figura essencial dentro das organizações pela sua multidisciplinaridade, flexibilidade, visão macro de todos os seus processos. E é por isso que deve fazer parte do modelo estratégico da organização.

Esta visibilidade tem vindo a ser conquistada pelo esforço de profissionais da área e de associações como a APFM, mas as direções das  organizações também devem ter um papel ativo neste desenvolvimento.

Que passos é que as direções das organizações devem seguir para trabalhar neste reconhecimento?

Para se manterem competitivas as organizações têm de investir nas suas estruturas de suporte, contribuindo para o aumento da produtividade e da competitividade e para a integração de todos os stakeholders nos processos.

As direções devem  entender as diversas valências da área, criar departamentos de FM, permitir a apresentação de novas ideias, a implementação de novas estratégias, a liberdade de procurar estruturar e interligar processos e a formação contínua.

Se  estes pontos forem conseguidos  estamos a gerar  valor dentro da organização.

O que está a mudar na profissão? Como vai ser o Facility Management do futuro?

As tecnologias estão em constante evolução, assumem um papel cada vez mais ativo e o FM tem de estar atento e atualizado.

A IoT tem vindo a revolucionar o conceito de trabalho, a forma com que interagimos com os gadgets ou como eles interagem entre si.
Os nossos locais de trabalho vivem de ecossistemas que se tornarão totalmente digitais e é assim que se abrem as oportunidades para a recolha de dados que nos permitem tomar decisões rápidas, eficazes e conscientes. 

Creio que o futuro passa muito pela recolha e otimização desses dados e métricas de análise, que permitem avaliar a performance das organizações nas mais diversas áreas e respectivos processos (…).

Temos falado muito sobre sustentabilidade, integrada no conceito de Manutenção 5.0.
Os edifícios representam uma grande parte do consumo de energia e os estudos indicam que há uma grande percentagem de desperdício.
Que esforços se têm feito no FM no que diz respeito  à otimização de recursos?

Falar de sustentabilidade e implementar medidas sustentáveis passou a ser tema em todas as organizações.
No entanto, quando falamos em sustentabilidade remetemo-nos, por exemplo, para a utilização de equipamentos de baixo consumo de energia ou reaproveitamento de recursos.
Não desfazendo a  importância e relevância dos padrões técnicos, devemos no entanto ir mais além e pensar em sustentabilidade desde a fase de projeto/construção dos edifícios e estender para as atividades de limpeza, conservação e manutenção.
O conceito de sustentabilidade no FM deve estar presente desde a fase de construção do edifício e durante todo o seu ciclo de vida.

Tens muita experiência no que diz respeito a Plataformas de Gestão de Manutenção.
Qual a importância destas plataformas para ultrapassar os desafios do FM, tanto a nível operacional como a nível de gestão?

Atualmente há muitas expectativas em torno do FM, o que por si só já coloca muitos desafios aos profissionais.
Um outro aspecto é a multidisciplinaridade destes profissionais que traz também enormes desafios na forma como se faz a integração/centralização de todos os processos de forma a apoiar o FM.
Por outro lado, o conceito de trabalho também se altera, deixamos de passar horas num único espaço w passamos a ter uma maior necessidade de aceder a informação em tempo real e em qualquer local.

Sob o ponto de vista operacional posso dar o exemplo da recepção em tempo real de diversos insights que requerem intervenção imediata na operação, através de problemas detectados pelos ocupantes dos edifícios,  pelas equipas técnicas ou mesmos por alarmes gerados  por sistemas ou equipamentos.

Os alertas gerados por estas plataformas permitem atender a necessidades tão básicas como a aquisição de um artigo necessário para repor o funcionamento de um equipamento, a necessidade de ativar um serviço de limpeza ou mesmo de deslocar uma equipa técnica com características específicas. Desta forma, o FM tem a capacidade de prever cenários que possam antecipar problemas, evitando a inoperacionalidade de algum setor ou equipamento da organização ou dos seus clientes, permitindo, consequentemente, equilibrar custos e melhorar processos.

Sob o ponto de vista de gestão podemos dar como exemplo o acompanhamento de execução dos planos de manutenção, o cumprimento de níveis de serviço (SLA), a medição de níveis de performance (KPI), a análise de custos de toda a operação ou até a análise de informação específica através de Dashboards.
Em resumo, estas plataformas, cada vez mais evoluídas,ajudam-nos a ultrapassar muitos desafios e integram cada vez mais áreas e funcionalidades de forma estruturada e organizada.

Usando de novo as tuas palavras, “integrar pessoas, processos e espaços é o maior desafio do FM”. A integração entre diferentes softwares e os dados que geram, é uma das soluções para lhe fazer frente?

Sem dúvida que o software / plataformas de gestão inteligentes vão fazer frente a lacunas que existem entre os vários processos.
Se há uns anos atrás estas plataformas de gestão de manutenção (conhecidas como CMMS – Computerized Maintenance Management System) apenas geriram ordens de trabalho, stocks e pouco mais, hoje em dia são ferramentas completamente ultrapassadas.
O dia a dia da gestão de manutenção está envolvido numa operação tão dinâmica e tão vasta que envolve vários processos como a gestão de ordens de trabalho (sejam elas corretivas ou preventivas), gestão de recursos, procurement, gestão de notificações geradas pelos sistemas, sustentabilidade, enquadramentos legais, gestão de prestadores de serviços, cumprimento de obrigações contratuais para com os clientes.

Desta forma é importante a integração de todos estes processos nestas plataformas inteligentes, acrescentando valor aos processos operacionais, à produtividade, à eficiência.

Para que estas integrações funcionem considero extremamente importante a criação de parcerias entre empresas de desenvolvimento de software e os seus clientes de forma a encontrarem oportunidades no sentido de se tornarem plataformas inovadoras e agregadoras de funcionalidades e áreas que permitam ao FM ter uma visão global da organização, dos serviços e dos processos (…)

Tu fazes parte da Comunidade Intelligence for Maintenance no Slack. Como podemos, juntos, acrescentar valor às áreas de FM e Manutenção?

Creio que passa essencialmente pelo que estamos aqui a fazer que é partilhar experiência.

Certamente que os vários membros da comunidade, que estão na área de FM, exercem a sua atividade em âmbitos muito diferentes, que dependem das suas organizações ou mesmo dos seus clientes, e por esse motivo a partilha de experiências, métodos de trabalho, desafios e superações diárias, são sem dúvida formas de transmitirmos valores e ideias. A partilha é a palavra chave para crescermos em conjunto.

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