Quando só resta uma opção, é fácil tomar decisões. Por isso, muitas empresas só se preocupam com a manutenção depois de um dano. Até chegar a um ponto crítico, já sem retorno, temos “fé” que tudo vai correr bem. Mas, se você não se sente muito crente, hoje explicamos como criar uma estratégia de manutenção dos ativos. 

1. O quê, onde, em que estado

O primeiro passo para definir uma estratégia de manutenção de ativos é fazer o trabalho de “reconhecimento”. Quantos ativos você tem? De que tipo? Onde estão instalados? Em que condições estão operando? Por outras palavras, é preciso fazer uma análise de criticidade. 

Outra forma de olhar para esta questão é perguntar “se um ativo falhar, quais são as consequências?” Leva à perda de produção? Provoca problemas de segurança? Problemas ambientais? De que forma essa falha impede a instituição de atingir os seus objetivos ou de cumprir a sua missão? A análise de criticidade deve ser holística, até porque há ativos que nunca deviam falhar.

Quer um exemplo real? Em 2018, os danos diários em aparelhos de radioterapia do Hospital de São João, no Porto, em Portugal, fizeram com que vários usuários não conseguissem cumprir o seu plano de tratamento. No caso mais grave, um doente esperou de abril a outubro para iniciar o tratamento, o que reduziu o seu tempo de vida. 

Infelizmente, não foi um caso isolado. Um estudo publicado em 2008, com base na informação recolhida num hospital de São Paulo chegou à conclusão que a manutenção é a principal causa para a interrupção de tratamentos de radioterapia (55%), muito acima das reações ao tratamento (6%) ou da piora clínica (3%). 

💡 Se você precisa de ajuda para definir a criticidade dos seus ativos, experimente a nossa calculadora. Use as perguntas de múltipla escolha para definir a categoria de cada ativo (A, B ou C). 

2. Descubra a origem dos danos

Agora, é hora de descobrir a “maçã podre” nesse cesto: o que está falhando mais e consumindo mais recursos? Atenção, porque é fácil se deixar levar pela intuição. “Mas estamos sempre consertando o elevador do edifício x” não é um argumento. Analise os dados! Avalie os custos do downtime, os custos de reparação e a gravidade das consequências. Esse cruzamento deve definir as suas prioridades.

Quando analisar as consequências do dano a nível de qualidade, segurança e impacto ambiental, assim como todos os aspectos financeiros, você vai chegar a um conjunto reduzido (ou pelo menos esperamos que seja reduzido!) de ativos críticos. É nestes ativos que você deve focar em primeiro lugar.

O objetivo é entender porque esses ativos estão falhando e como podem falhar. Para isso, precisamos recuperar uma das nossas melhores armas: a análise de causa raiz. Você pode ver aqui o nosso guia completo sobre a análise de causa raiz e como utilizar algumas das ferramentas mais comuns.

A análise de causa raiz pode revelar algumas verdades desconfortáveis sobre a sua gestão. Por exemplo, você pode descobrir que está utilizando indevidamente o equipamento, que está ultrapassando o número de ciclos recomendados pelo fabricante ou que o seu plano de manutenção é insuficiente.  

Ainda sobre os danos no Hospital de São João, em Portugal, a administração admitiu em 2019 que o equipamento de radioterapia em questão era “muito antigo” e não tinha “robustez necessária para trabalhar continuamente”. O hospital acabou substituindo o aparelho, já no fim da vida, por um completamente novo.  Aproveitando esse caso, você pode ver aqui como calcular a vida útil dos ativos.

3. Planejar, gerenciar e avaliar

Ufa! Precisamos de um momento para respirar. Até agora, você já sabe (1) quais são os ativos mais críticos, (2) as consequências dos danos nestes ativos e, através da análise da causa raiz (3) o que provoca estes danos. Portanto, já tem todas informações que precisa para começar a delinear a sua estratégia.

Sempre que decidir reparar e não substituir o ativo, tem que reavaliar o plano de manutenção:

  • Otimizar a manutenção preventiva e preditiva

A melhor forma de evitar danos prolongados e manter a confiabilidade dos seus ativos é otimizar o monitoramento da condição, a manutenção preventiva e a manutenção preditiva. Para isso, você deve se certificar de que cada chamado programado previne ou detecta um modo de falha específico e previsível. 

⚙️ Está em dúvida sobre a melhor estratégia de manutenção? Veja aqui como escolher a estratégia de manutenção certa. 

  • Definir/ melhorar o plano de manutenção

A seguir, você precisa rever o seu plano de manutenção. Se já tem um plano robusto em prática, retire as tarefas que não correspondem a um modo de falha e implemente novas práticas de acordo com os resultados da análise causa raiz. Não se esqueça de definir KPIs para comparar o “antes” e o “depois”. 

👷 Se é a primeira vez que vai fazer um plano a longo prazo, simplificamos como fazer um plano de manutenção em 5 passos.

  • Gerenciar os chamados e os recursos

Passemos da teoria à prática! Os seus chamados devem ser claros e completos para reduzir, o mínimo possível, o tempo da intervenção. Sugerimos que use uma plataforma de manutenção inteligente para agendar os chamados e associar automaticamente todos os custos e materiais. Assim, você obtém dados mais confiáveis para a próxima avaliação de criticidade. 

☑️ Precisa de um modelo para os seus chamados? Faça download do nosso modelo para ordens de trabalho (grátis e sem formulários!). 

  • Gerar relatórios e avaliar os resultados

Se registrou todas as informações do seu software de manutenção, pode gerar relatórios automáticos sobre o seu desempenho. Isso te permite acompanhar os KPIs que definiu e avaliar os resultados: resolveu os problemas que tinha detectado? Ou ainda precisa melhorar? Há algum ativo que comece a inspirar mais cuidados? Reinicie o ciclo.

📈 Conheça a nova ferramenta de relatórios semanais da Infraspeak. 

Uma boa estratégia de manutenção dos ativos faz com que sejam mais confiáveis. É isso que nos permite oferecer um serviço de qualidade aos usuários. Mas fazer bem a gestão de manutenção dos ativos implica conhecer a condição de cada equipamento, entender o seu ciclo de vida e programar a manutenção considerando essas variáveis.