Todos conhecemos expressões como “big data”, “internet das coisas” e “indústria 4.0”. Contudo, muitas vezes parecem ser conceitos vagos com poucas implicações imediatas e reais nos negócios. Não poderiamos estar mais enganados! O big data está transformando o mundo dos negócios e ele já não é mais como o conhecemos. Indústrias, hotéis, varejistas, operações e gestão de manutenção e tantos outros segmentos mudaram e estão em constante mudança.

Afinal, o que é a big data?

Como sempre, vamos começar esclarecendo alguns conceitos. Atualmente, temos a capacidade de armazenar mais informação do que nunca. Pense por um segundo na cidade em que vive. Imagine que lhe dão o seguinte trabalho: melhorar o sistema de transporte público. Há várias maneiras de estudar o problema – ver que áreas estão mais críticas, quais são as vias mais congestionadas, que tipo de transporte é preferido, o tempo médio que os habitantes levam para chegar ao trabalho, analisar a orografia do terreno etc.

Isso só é possível porque vivemos num mundo em que quase tudo está ligado à internet. Desde o aparelho em que solicitamos um transporte, às informações de localização recolhidas pelos nossos smartphones até os semáforos da cidade. É esta a internet das coisas”: o físico e o digital já não estão mundos separados. Agora, vamos pensar no que aconteceria se todos os dados que estes aparelhos recebem e enviam fosse cruzados.

Como a cidade mudaria? Causaria um efeito borboleta? O chamado para uma falha de semáforo na Avenida Paulista poderia causar um acidente na Rua Augusta?

Calma, não é preciso ser tão dramático. A nossa capacidade ainda não chega tão longe. Precisamente porque não conseguimos processar esse volume, variedade e velocidade de informação. Temos tantos dados à nossa disposição que o conjunto chega a ser muito complexo para o compreendermos. É o que chamamos de “big data”. Mas esses dados que vamos acumulando – muitas vezes sem um propósito claro – podem ser usados para resolver problemas bem reais. Aliás, o exemplo de que falamos acima não tem nada de hipotético: o big data é uma peça-chave para criar “smart cities”, por exemplo.

Mas enquanto esse futuro não chega, vamos voltar à realidade atual. O big data tem alguma coisa para oferecer à sua empresa?

Big Data na indústria

A utilização do big data tem a capacidade de mudar totalmente o processo de produção. A Indústria 3.0 trouxe-nos a computação e a automatização, mas os avanços tecnológicos já nos permitem criar verdadeiros sistemas híbridos. São sistemas ciber-físicos, ligados à cloud, que permitem controlar a produção em tempo real. Mais do que isso, têm a capacidade de tomar decisões por si próprios com base nos dados recolhidos. Bem-vindos à Indústria 4.0!

Agora, já imaginamos a sua pergunta. Como implementar um sistema assim na sua empresa? O primeiro passo é recepcionar a informação de forma automática, normalmente por meio de máquinas inteligentes e sensores. Mas isso não elimina o fator humano – por isso, a tecnologia pode ser usada para que os trabalhadores comuniquem mais – e mais rápido – entre si. Por fim, os dados podem ser cruzados com a informação sobre a linha de produção (performance, falhas etc) para detectar oportunidades de economia e otimização. Esse tipo de cruzamento pode ser feito com a ajuda de um CMMS.

Big Data no varejo

O varejo é um dos setores que mais tem a ganhar com a implementação do big data. Para quem tem uma loja, parece sempre que há a necessidade de ter uma boa intuição. É preciso “adivinhar” o tamanho da procura que um determinado produto vai ter na próxima estação, gerir as expectativas, ajustar a oferta aos hábitos de consumo, intuir o que pode gerar interesse… Isso em um mundo sem gerenciamento de dados, sem o big data.

Se faz compras online, já recebeu ofertas personalizadas com “recomendações de produtos para você”. Isso acontece porque grandes empresas, como a Amazon e outras, armazenam centenas de dados sobre cada consumidor. Através do nosso histórico, traçam um perfil: se estamos ou não dispostos a fazer compras, que tipo de produtos compramos e quais pesquisamos. Complicado? Lembre-se que o big data é o que permite a serviços como o Spotify e a Netflix apresentar recomendações pensadas para o seu gosto pessoal.

Ou seja, o big data nos leva a experiências de compra completamente personalizadas. Porém, não se engane ao pensar que esta revolução é apenas digital. A análise da jornada de compra e da experiência dos consumidores através do big data já deu o salto para as lojas físicas.

Big Data na hotelaria

Tal como qualquer outro setor, hotéis também acumulam dezenas de dados que podem ser analisados para oferecer um serviço melhor. Dados como a adesão e usos de programas de fidelidade, a origem das reservas ou informação importada de comparadores de preços. Nesse caso não se trata de alterar fundamentalmente a organização do negócio, como acontece nas indústrias – mas sim de reunir mais insights sobre os clientes para lhes proporcionar uma experiência melhor. Por exemplo, saber que serviços extra procuram e o que mais valorizam quando procuram um quarto para se hospedar.

Por outro lado, o big data pode mudar a forma como a indústria hoteleira define preços. É algo que as companhias aéreas já fazem: definir o preço dos voos consoante as reservas atuais, as tendências, o número de viajantes nos períodos homólogos, as férias escolares, os feriados e os eventos locais. Os hotéis podem usar fórmulas semelhantes para prever a procura e, consequentemente, ajustar suas tarifas ao longo do ano.

Big Data na assistência técnica e logística

Alguma vez ficou em casa, ansiosamente à espera de uma encomenda? A maioria das empresas de distribuição permitem rastrear o envio em tempo real. Spoiler alert: não há um funcionário em cada armazém à espera da sua encomenda para lhe dar essa informação. Grandes empresas, como a DHL, automatizam toda a logística. Um grande distribuidor pode usar a mesma tecnologia para fazer a gestão de estoque em cada armazém e localizar todas as encomendas.

Mas imagine que não era uma encomenda e sim o jantar que acabou de pedir por um aplicativo. O app sempre oferece o tempo de chegada previsto, tendo em conta o número de pedidos para aquele restaurante, o trânsito e as condições climáticas. Em outras palavras: é o uso big data recolhido ao longo do tempo para prever o percurso do entregador e calcular o tempo de entrega. Essa mesma tecnologia pode ser usada na gestão de frotas para ajustar percursos, encontrar rotas mais econômicas ou prestar assistência remota.

Big Data na gestão de infraestruturas

Por último, queremos destacar o papel do big data na manutenção preventiva de infraestruturas. Os dados históricos sobre chamados, o tempo de reparo e o desempenho de cada ativo são decisivos para prever falhas mecânicas e preveni-las. Mais uma vez, é preciso cruzar vários dados: desde o ano, a marca e o modelo da máquina até às peças que já foram substituídas e os reparos feitos no passado.

Antigamente, esse monitoramento podia ser avassalador e caro para a manutenção. Com a automatização e o conhecimento cada vez mais detalhado sobre cada equipamento, isso mudou. Primeiro, conseguimos diminuir os custos com a manutenção preventiva. Como consequência, o número de chamados diminui e os gastos com a manutenção corretiva caem drasticamente. O resultado final são custos reduzidos e um potencial aumento dos lucros.

Sem dúvida, uma nova era.